Liderança ambidestra: como se relacionar com os colaboradores em busca de inovação?

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Pense em uma empresa que produz um dos melhores automóveis disponíveis no mercado. Enquanto as vendas desse modelo são um sucesso, as equipes também estão desenvolvendo novos modelos, mais econômicos, confortáveis e potentes. Tudo isso é necessário para que a organização se adapte às novas exigências do mercado e às necessidades dos compradores. Mas para que esse esforço dê certo, a gestão da empresa precisa estar alinhada, por meio de uma liderança ambidestra. 

Para fazer essas adaptações constantes na linha de produção, a empresa precisa ter não só uma estrutura e organização bem alinhadas, mas também de planejamento para colocar a ambidestria em prática.

E isso perpassa não somente pela divisão de equipes e tarefas, mas principalmente na forma com que os líderes promoverão essa integração nas rotinas de trabalho. Este é um dos motivos para implementar a ideia de lideranças ambidestras. 

Neste artigo, você verá pontos fundamentais do relacionamento entre a liderança e os colaboradores para que a ambidestria organizacional atinja o seu objetivo: inovação e excelência.

O que é liderança ambidestra?

Ambidestria é um conceito que envolve equilibrar a eficiência operacional com a inovação e criatividade em uma empresa. Jeff Immelt, CEO da General Electric, foi um dos primeiros a abordar esse conceito. Posteriormente, Charles A.O’Reilly III e Michael L. Tushman no livro Liderança e Disrupção – Como resolver o dilema do inovador, apresentam um conjunto de práticas para auxiliar as empresas no processo de ambidestria.

Assim, a liderança ambidestra é aquela que equilibra o foco no presente, nos processos e resultados, com um olhar para o futuro, buscando superar os desafios de mercado. 

Da mesma forma, consiste em gerenciar os indicadores de desempenho como ter um foco na inovação dos produtos, serviços e processos. Para isso, a liderança ambidestra reconhece a importância da eficiência operacional e da criatividade na mesma medida. Afinal, ambas são essenciais para alcançar o sucesso em um ambiente de negócios em constante mudança. 

Embora todos devam agir com ambidestria na empresa, os líderes têm um papel fundamental para disseminar essa cultura de inovação. Organizações com lideranças ambidestras são mais capazes de se adaptar às mudanças e continuar crescendo em um ambiente desafiador.

Liderança ambidestra: como funciona na prática?

Na prática, uma empresa ambidestra funciona da seguinte forma: enquanto a área de excelência operacional preocupa-se com o refinamento, a eficiência e a implementação do que já está dando certo, a inovação se preocupa com a busca, a experimentação e a descoberta de novas possibilidades. Isso faz com que a empresa trabalhe simultaneamente com dois elementos aparentemente conflitantes: a eficiência e a inovação. 

Também é importante lembrar que existem duas maneiras diferentes de estruturar a ambidestria em uma organização. Na primeira, as equipes trabalham em unidades separadas com lideranças diferentes que respondem à chefia.

Já na segunda, todos trabalham em ambas as áreas, sem divisão de equipes, respondendo a um só líder. Esse líder pode permitir que cada colaborador determine autonomamente como dividir o seu tempo entre as duas frentes de trabalho.

Independentemente do modelo escolhido, todos os colaboradores devem ser incentivados pela liderança a trazer novas ideias e a experimentar, executando suas funções de formas diferentes, bem como serem encorajados a contestar algum modo de fazer atual do qual discordam.

Flexibilidade

Além da motivação, a postura dos líderes influencia no comportamento e no desempenho inovador dos colaboradores. Por isso, lideranças ambidestras precisam mostrar adaptabilidade e flexibilidade para novas ideias e processos. 

Não adianta promover a inovação na teoria e não demonstrar interesse genuíno nas contribuições que surgem. Isso não significa que todas serão implementadas. Mas é importante estar disposto a ouvir novas propostas e investir naqueles que fizerem mais sentido. 

Aprendizagem

Do outro lado, trabalhando com lideranças ambidestras, o aprimoramento dos conhecimentos e habilidades por parte dos colaboradores devem ser constantes. 

Para equilibrar a excelência na operação e a inovação, os envolvidos no processo precisam desenvolver a capacidade de produzir, executar e refinar a rotina conforme as regras atuais. Ao mesmo tempo, é essencial conseguir conduzir um experimento, pesquisar e gerenciair novas orientações e rotinas. 

Ou seja, não basta apenas executar suas tarefas e seguir o que é proposto pelas lideranças ambidestras. É preciso ir além, pensar em novas formas de colocar em prática o que já estava sendo feito e, principalmente, não ter receio de compartilhar suas ideias.

Equilíbrio das atividades

Outro ponto que as lideranças ambidestras devem ter atenção é com o equilíbrio das atividades. Assim, o tempo dedicado às atividades da operação não pode se sobrepor às de inovação e vice-versa. O tempo empenhado em cada uma delas deve ser bem definido conforme o planejamento e as metas para cada área e cumprido da melhor forma possível.

Para isso, é preciso ter disciplina e uma boa gestão do tempo. Afinal, quem nunca dividiu as tarefas do dia e no final dele acabou percebendo que algumas delas demoraram mais do que previsto? Assim, definir ações prioritárias em ambas as frentes é fundamental para ter certeza deste equilíbrio. 

Comportamento ambidestro

Já mencionei que a motivação da equipe deve estar sempre em foco quando pensamos em liderança ambidestra. Alguns estudos mostraram que os colaboradores costumam se comportar de maneira ambidestra quando seus supervisores dão o exemplo. Ou seja, quando suas atitudes são planejadas para facilitar as atividades de operação e de inovação dos times simultaneamente.

Assim, não basta apenas falar sobre ambidestria organizacional e, na prática, não proporcionar as condições adequadas para que os colaboradores abracem a causa. Para isso, os líderes precisam estimular uma mentalidade inovadora

Esse comportamento pode surgir por meio de uma comunicação eficaz, não apenas informando suas expectativas em relação ao desempenho no trabalho, mas também promovendo comportamentos positivos, criando um ambiente organizacional que ofereça suporte e motive as experiências, com tolerância aos erros durante o processo (porque eles acontecerão como parte da experimentação).

Mas como proporcionar isso de maneira natural e eficiente? A boa qualidade das relações, — baseadas no respeito e na confiança — exerce um papel fundamental nesse processo.

Comunicação

É bastante comum que mudanças sejam propostas em uma organização e que, certo tempo depois, observe-se que pouco foi feito ou, até mesmo, que tudo permanece como antes. Isso ocorre, em muitos casos, pela falta de comunicação ou falhas na mensagem entre o líder e sua equipe.

Todos os envolvidos precisam entender qual é o objetivo das mudanças e qual o seu papel naquilo que foi planejado. Do contrário, é muito mais fácil deixar tudo como está. Afinal, o comodismo pode ser bem forte em alguns ambientes.

Equipe multidisciplinar

Mas ser uma liderança ambidestra não significa se tornar um ser onisciente e onipresente. Ainda que seja muito importante desenvolver habilidades em ambos os caminhos, nem sempre é possível preencher todas as lacunas. Por isso, cercar-se de uma equipe multidisciplinar faz toda a diferença. 

Com o apoio de profissionais de diferentes perfis e capacidades, líderes conseguem identificar soluções que não encontrariam sozinhos. Além disso, uma equipe diversificada permite abordar problemas de forma mais holística e eficiente. 

Da mesma forma, é importante que os colaboradores busquem desenvolver suas habilidades de cocriação e sua capacidade de atuar em conjunto para formar times mais dinâmicos e criativos. 

Resiliência

Desafios, tensões e conflitos fazem parte da realidade no mercado atual. Por isso, a resiliência é uma característica fundamental para lideranças ambidestras diante de um ambiente cada vez mais complexo. 

A ambidestria exige enfrentar desafios, superar obstáculos e se adaptar rapidamente, sem perder de vista seus objetivos. É preciso encarar essas mudanças com uma mentalidade positiva e proativa, buscando oportunidades onde outros veem apenas ameaças. Essa habilidade vem sendo ampliada pela antifragilidade e faz muita diferença para líderes ambidestros.

A inteligência emocional também é relevante nesses momentos. Lideranças ambidestras devem manter a calma em momentos de crise e saber conviver com a pressão, agindo de forma decisiva para manter a empresa em curso. 

Quer saber mais sobre os desafios da liderança ambidestra? Em nosso webinar, falamos um sobre isso. Assista!

Liderança ambidestra e os três horizontes da inovação

Os Horizontes da Inovação são essenciais para entender como as organizações podem equilibrar a melhoria contínua de processos, produtos e serviços com a busca por oportunidades disruptivas. Por isso, esse conceito está intrinsecamente ligado à ideia de liderança ambidestra. Para entender melhor como esses conceitos se relacionam, é importante detalhar os três horizontes da inovação. Entenda a seguir!

Primeiro horizonte

No primeiro horizonte da inovação, a ênfase está na otimização dos modelos de negócios existentes e na melhoria dos processos diários. As lideranças e organizações que se concentram nesse horizonte buscam aprimorar a eficiência, reduzir custos e aperfeiçoar a entrega de produtos ou serviços já existentes. Eles estão preocupados em fazer o que já fazem, mas de maneira melhor e mais eficaz.

Segundo horizonte

No segundo horizonte, as organizações buscam expandir seus mercados, produtos e serviços. Eles exploram novas ideias e experimentam a implementação delas em seus modelos de negócios. Este horizonte envolve a busca por oportunidades de crescimento, por meio de novos mercados ou de produtos e serviços inovadores. As lideranças aqui estão focadas em identificar e aproveitar novas oportunidades.

Terceiro horizonte

No terceiro horizonte, o foco está na criação de novos recursos e na exploração de oportunidades verdadeiramente disruptivas. Aqui, as organizações estão se preparando para o futuro, antecipando mudanças no mercado e criando negócios totalmente novos. A liderança está atenta a tendências disruptivas e procura inovações radicais que possam transformar a indústria.

Assim, podemos dizer que a liderança ambidestra está intrinsecamente relacionada aos três horizontes. Um líder ambidestro reconhece a importância de equilibrar a excelência operacional (primeiro horizonte) com a busca por inovação (segundo e terceiro horizontes). 

Essa abordagem requer que as lideranças atuem como se tivessem “dois times” em sua organização: um focado na otimização de processos existentes e outro na exploração de novas ideias. E sem perder de vista a importância de cultivar essa cultura em toda a equipe, não apenas nos profissionais que estão trabalhando, necessariamente, na criação de novos produtos ou serviços.

Dessa forma, eficiência e flexibilidade precisam andar juntos, em um equilíbrio delicado, que traz inúmeros benefícios para o negócio. 

Depois dessa reflexão, você acha que sua empresa está seguindo no caminho certo para implementar a ambidestria organizacional? Qual é a maior dificuldade que você encontra ao conciliar a inovação e a excelência nas operações? Conte a sua experiência aqui nos comentários!

Além disso, aproveite e leve esse tema para sua empresa. Conheça nossa palestra sobre Liderança ambidestra e exponencial!

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