Não raro, quando uma empresa, ou uma equipe desta, precisa trazer alguma solução diferente, é marcada uma reunião de brainstorming que, certamente, contará com muitos post-its coloridos. Quem já participou de algo semelhante, consegue até mesmo visualizar a sequência de atividades, incluindo frases como: “não existe ideia ruim”, “não vamos julgar as ideias dos outros” ou “escreva tudo que passar pela sua mente”. Mas será que, realmente, isso faz parte de um dos tipos de inovação?
Dando um passo atrás, é preciso entender de forma objetiva o que é inovação. E isso quer dizer fugir de lugares-comum e conceitos abstratos. Em “Dez tipos de inovação”, obra escrita por um grupo de pesquisadores e liderada por Larry Keeley, encontramos definições de impacto sobre o assunto, que conseguem ir além de uma primeira impressão e formar um entendimento mais claro do que a inovação é (ou que também não é). São elas:
- Não estamos falamos simplesmente em invenção: a inovação pode incluir invenção, mas é preciso mais do que isso. É necessário que exista uma compreensão, por exemplo, sobre as necessidades e desejos dos clientes relacionadas com a invenção.
- O produto é só uma ponta do que estamos tratando: o produto (ou serviço) em si não é o bastante. Os tipos de inovação podem envolver novas formas de negócio, de lucro e até de envolvimento com o cliente.
- Há pouco do que é “novo” em inovação: toda a inovação parte de algo anterior, Não é preciso ser inteiramente novo para o mundo inteiro, foque no mercado ou setor.
- A inovação precisa se sustentar: deve haver um retorno de valor para que, inclusive, possam existir inovações no futuro.
Entendendo que se trata de algo que é mais do que somente uma tempestade de ideias, deve-se ainda ter em mente que não se trata de uma matéria exclusiva de uma área ou de uma equipe específica. Qualquer pessoa pode e deve desenvolver competências para inovar. Então, voltando para a primeira questão, quais são os tipos de inovação que podemos explorar?
Os 10 tipos de inovação sugeridos por Larry Keeley
Imagine que você está em um teatro, aguardando a peça começar. Por trás das cortinas, nos bastidores, sem que você consiga ver, estão acontecendo determinados tipos de inovação. E, quando o espetáculo se inicia, ocorrem outros tipos, que são visíveis para todo o público.
É assim que explica Larry Keeley e seu grupo de especialistas. Dentro dos dez tipos de inovação propostos, e não inventados por eles, há ainda uma categorização que se assemelha ao paralelo entre bastidores e palco. As três categorias são: configuração, ou os trabalhos mais internos; oferta, com foco no produto e serviço central; experiência, que está voltado para o cliente.
Lembrando que as categorias não são um cronograma ou estão hierarquizadas, as possibilidades de combinações entre elas são inúmeras. Ainda dentro das categorias, temos dez tipos de inovação elencadas pelos especialistas: modelo de lucro, rede, estrutura e processo (que estão dentro de configuração). Desempenho de produto e sistema de produto (que fazem parte de oferta). Por fim, serviços, canal, marca e envolvimento do cliente (que constam em experiência).
- Modelo de lucro: são as novas formas de obter lucro, tal qual o nome propõe. Aqui cabe o exemplo da Gillette, que ao perceber a rotina do público, ofereceu um aparelho de barbear com preço especial. Entra a grande sacada, as lâminas que eram vendidas separadamente e com preço mais baixo. Isso fez com que o consumidor não precisasse mais afiar suas lâminas antigas constantemente, pois ele pode ter seu pacote por um pequeno pagamento, gerando recorrência.
Em modelo de lucro, é importante enfatizar que não existe só uma forma de precificar e vender o produto. Os pacotes freemium e de assinatura são outros exemplos.
- Rede: é quando você modifica seu modelo de negócio para criar conexões com parceiros e trazer benefícios a todos. Por exemplo, a loja de aplicativos da Apple permite que os parceiros possam oferecer suas criações, o que colabora com a qualidade do local em si onde é disponibilizado o produto. A inovação não acontece sozinha, é preciso de uma rede, de fornecedores e parceiros.
- Estrutura: é a forma como a empresa organiza seus recursos e ativos internos. Como quando há uma estratégia para reduzir custos, otimizar operações e capacitar lideranças.
- Processos: é um dos tipos de inovação bastante popular, tendo como exemplo a produção enxuta com origem no sistema Toyota. É como são realizadas as atividades, reduzindo custos e aumentando a lucratividade e produtividade da empresa.
- Desempenho de produto: está relacionado ao produto em si, ao que ele oferece de valor. Acaba sendo um dos principais focos das empresas, pois a busca pelo desempenho e qualidade do produto deve ser um consenso.
- Sistema de produto: quando há uma interdependência entre os produtos oferecidos. Sendo assim, ao obter diferentes produtos de uma mesma empresa, o consumidor consegue aproveitar ao máximo determinados benefícios que não conseguiria obter caso optasse por outros.
- Serviços: é um dos tipos de inovação que está atrelada ao serviço entregue, mesmo que seja um produto, pois está associada com toda experiência de compra. O suporte e atendimento ao cliente, por exemplo, não são o que está sendo fisicamente comprado, mas agregam valor para o cliente.
- Canal: por onde a venda é realizada e chega até o cliente. Podendo ser via e-commerce, rede de franquias, mundo digital, marketing de rede, entre outros. A questão é levar o produto até as pessoas de forma diferente.
- Marca: quando os clientes pensam na empresa, quais são os valores que eles reconhecem? Aqui, trata-se de novas formas de passar a visão da empresa para o público e gerar a identificação com ele.
- Envolvimento do cliente: como é o contato com o cliente? Como é o diálogo estabelecido entre empresa e público? É sobre como promover novas maneiras de se comunicar.
É comum que as empresas possuam mais de um dos tipos de inovação. Os autores discorrem que para gerar um impacto significativo, é preciso ocorrer inovação em cinco ou mais dessas áreas.
Também é fundamental entender que a inovação é imprevisível e deve ser uma cultura que deve permear toda a empresa, independente de setor ou da hierarquia. Quer continuar a nossa conversa sobre tipos de inovação? Entre em contato conosco!