Inovar o modelo de negócio inicia com um profundo entendimento do comportamento humano, das motivações e experiências em um sistema. Com foco centrado no ser humano é possível ganhar perspectivas completamente novas e avaliar novas formas de endereçar suas necessidades e suas tarefas. Inovar no modelo muitas vezes é recombinar capacidades existentes, que normalmente não andam bem juntas, em novos formatos, como por exemplo simplificar determinado produto ou serviço, eliminando restrições relacionadas às riquezas e ao acesso, facilitando sua aquisição para uma fatia maior do mercado, vendendo-o a um novo segmento de clientes, tornando o modelo ainda mais rentável. O designer de negócios é, portanto, o profissional que consegue olhar para este cenário.
Podemos dizer então que novos modelos de negócios mudam a forma de como os clientes experienciam as coisas.
Será que somente com os clientes? Pois, para que os clientes percebem valor é necessário que as organizações estimulem e estejam preparadas para criá-los. E o processo para criar novos modelos de negócios é algo linear ? Damos o primeiro passo, com a certeza total de qual será o segundo, o terceiro ?
Acreditamos, por experiência própria e observadas com nossos clientes, que não, não teremos todas as certezas, temos muitas hipóteses, portanto inovar no modelo de negócio requer um processo de design.
Mas, por que designer de negócios?
Mas, porque utilizar o termo design? Pois, as pessoas que trabalham nesta atividade foram treinadas a pensar de forma generativa, experimental e iterativa. Se eles tem que desenvolver, por exemplo, um novo ambiente, a primeira etapa é entender o contexto de uso, gerar idéias, depois criar protótipos, em pequena escala do que aquela hipótese representa e receber feedback, iniciando uma nova etapa com os aprendizados colhidos na etapa anterior. Podemos dizer que inovar no modelo de negócio requer que pensemos como um designer, que tenhamos em nossas mentes a vontade de tentar, de provar que nossas hipóteses se transformem em fatos, evoluindo de forma constante.
Dentro do contexto desta cultura, de constante experimentação, o papel do designer de negócios se torna extremamente importante nas organizações, na sociedade como um todo, que contempla algumas características:
- Liderar e contribuir na captação de insights através de observações em pesquisas etnográficas;
- Desenvolver modelos de negócios testáveis e constantes protótipos;
- Liderar e contribuir para experimentos reais de novos modelos de negócios;
- Criar e implementar frameworks para medir os resultados e impactos de experimentos de modelos de negócios;
- Capturar o aprendizado dos experimentos para compartilhamento;
- Criar histórias que ajudem as pessoas na organização a entender e se contectar com o contexto da inovação do modelo;
- Ser apaixonado por colocar as experiências do cliente no centro dos esforços do design;
- Ter experiência em diferentes domínios;
- Estar interessado em explorar novos conceitos para novos modelos de negócios;
- Ter uma mente empreendedora e trabalhar com problemas ambíguos e em um ambiente dinâmico;
- Trabalhar colaborativamente;
É mais importante experimentar, tentar novas coisas, aprender o que funciona, aplicá-los e medir o impacto e como afirma Tim Harford, autor de livros de economia, que estuda sistemas complexos e compartilha nesse vídeo um vínculo surpreendente entre os sistemas bem sucedidos: eles são construídos através de tentativa e erro, por variação e seleção (se tiver problema para reproduzir o vídeo, ele também pode ser assistido aqui)
Lições aprendidas neste vídeo:
- Experimentacão (ou tentativa e erro) é atacar os problemas com a mente aberta e assumir que não sabemos de antemão todas as respostas;
- Capturar e re-usar os resultados de cada experimento;
- Estar confortável com o “não sei”, “não conheço o como”, mas ter o empenho em descobrir;
E se dentro do processo de experimentação de um novo modelo nos depararmos que o resultado era muito diferente daquela visão inicial, hipóteses não se transformaram em fatos, aceitaremos nossos erros, nosso fracasso? Será que fomos treinados a pensar desta forma? Por isso quando se fala em inovação tem-se utilizado o jargão “fail fast, fail often” (falhe rápido e sempre), mas prefiro dizer, assim como cita Eric Ries, principal responsável pelo movimento de Lean StartUp: “não importa o nome que vamos dar, temos que criar um processo sistemático e contínuo de testes de hipóteses e aprendizados” (que entendemos os problemas dos clientes, que os produtos vão resolvê-los, que os parceiros que nos ajudarão têm os recursos necessários,etc), melhor dizermos então “teste rápido, aprenda sempre”.
Temos que estar prontos para assumir riscos, admitir falhas e focar no aprendizado. E a parte mais importante, o quanto as organizações estão preparadas para esta (se podemos chamar assim) nova cultura.
O papel do designer de negócios, inovadores, é saber o que testar, quais hipóteses primeiro, como medir os resultados, como gastar poucos recursos e aprender muito e descobrir quais os próximos passos para alcançar a visão inicial e iteragir (também denominado “pivotar”), sem crise!
E que as organizações estejam preparadas para estimular esse novo papel! Pois como Leon C. Megginson, sociólogo em gestão da Louisiana State University, parafraseou Darwin:
“Não é o mais forte da espécie que sobrevive, nem o mais inteligente, mas sim o mais adaptável à mudança.”