O que é polywork e quais os perigos de normalizar essa tendência

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O mercado de trabalho tem experimentado mudanças estruturais em um ritmo acelerado, impulsionadas por transformações tecnológicas e culturais. Entre as novas tendências que emergem nesse cenário, destaca-se o polywork, um modelo que vem ganhando adesão significativa, sobretudo entre profissionais da geração Z no Brasil.

O conceito de polywork refere-se à prática de desenvolver múltiplas atividades profissionais de forma simultânea, favorecendo a diversificação de habilidades e uma maior flexibilidade de carreira. Embora apresente oportunidades para o desenvolvimento profissional e pessoal, o modelo também suscita preocupações, particularmente no que diz respeito à sobrecarga de trabalho e ao aumento das pressões psicológicas associadas à multiplicidade de papéis.

Este artigo se propõe a analisar o polywork sob uma perspectiva crítica, investigando os fatores que tornam essa prática atraente para profissionais jovens e discutindo os potenciais riscos de sua normalização como padrão no mercado de trabalho contemporâneo. 

Mas afinal, o que é polywork?

O conceito de polywork vai além da simples realização de múltiplas atividades profissionais simultâneas. Ele está fundamentado na capacidade de gerenciar diferentes formas de trabalho de maneira estratégica, permitindo que os profissionais diversifiquem suas rendas e reduzam a dependência de um único vínculo empregatício. Essa abordagem reflete um movimento crescente de busca por autonomia financeira e resiliência frente às incertezas do mercado de trabalho contemporâneo.

Uma pesquisa realizada pela Hostinger entre agosto e setembro de 2024 revelou que 60% dos profissionais brasileiros possuem um ou mais trabalhos. Entre eles, 43% têm graduação completa, 27% possuem pós-graduação, e 31% apontam a busca por segurança financeira como principal motivação para complementar sua renda. Esse movimento ganhou força durante a pandemia de COVID-19, que não apenas acelerou a digitalização do trabalho, mas também obrigou muitos profissionais a diversificarem suas fontes de renda em resposta às incertezas econômicas.

Embora muitas vezes associado à multitarefa ou à economia GIG, o conceito de polywork vai além, permitindo que profissionais assumam múltiplos papéis ou funções em diferentes áreas. Por exemplo, um profissional pode atuar em um emprego de tempo integral durante o dia e, após o expediente, exercer atividades como freelancer, consultor ou empreendedor digital.

Por que o polywork tem ganhado tanta popularidade?

O polywork é frequentemente relacionado a novas formas de gerar renda e também de explorar diferentes interesses profissionais. Mas esses não são os únicos motivos pelos quais esse modelo tem se tornado tão popular, principalmente entre a geração Z.

As expectativas da geração Z em relação ao mercado de trabalho estão relacionadas, principalmente, ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional. O que, muitas vezes, significa liberdade de escolha e flexibilidade. Ou seja, uma jornada profissional não tão linear quanto as das gerações anteriores, que priorizavam a estabilidade.

Outro fator está relacionado aos avanços tecnológicos, que permitem o gerenciamento de múltiplos projetos de maneira mais prática. Isso, sem contar as plataformas especializadas em oferecer oportunidades de trabalho em diversas áreas.

Por trás de todo esse interesse, há também uma relação direta com a valorização de habilidades e competências diversificadas pelo mercado, que veem esses profissionais como mais adaptáveis e inovadores. Essas características são indispensáveis em ambientes dinâmicos.

É claro que a questão financeira não ficaria de fora. O aumento da pejotização do mercado, as incertezas econômicas e o receio de perder o emprego de uma hora para outra, fazem com que o polywork se torne uma forma de diversificar a renda e garantir certa segurança financeira.

Quais os benefícios da multiatividade profissional?

É inegável que o polywork traz benefícios amplamente valorizados por alguns profissionais, tais como a flexibilidade e a diversificação de renda. Mas, muito mais que isso, esse modelo de trabalho permite que profissionais explorem outras áreas de atuação, o que reflete diretamente no desenvolvimento de novas habilidades. Entre elas, podemos citar:

Flexibilidade e adaptabilidade: profissionais que atuam em múltiplas atividades desenvolvem a capacidade de se ajustar rapidamente a mudanças, uma característica indispensável no mercado atual;

Desenvolvimento de habilidades diversificadas: ao transitar por diferentes áreas, o polywork permite a construção de competências variadas, tornando o profissional mais completo e preparado para lidar com desafios complexos;

Ampliação das redes de contato: a interação com diferentes contextos amplia as conexões profissionais, gerando oportunidades para novas parcerias e trabalhos;

Segurança financeira: diversificar fontes de renda reduz a dependência de um único emprego, oferecendo maior estabilidade em momentos de incerteza;

Maior satisfação pessoal: o polywork permite que profissionais explorem suas paixões e interesses, encontrando um equilíbrio entre realização pessoal e carreira.

Qual a importância do polywork para as lideranças?

Entender a dinâmica por trás do polywork é fundamental para que as lideranças consigam atrair e engajar suas equipes. Essa compreensão permite também que essas lideranças possam promover uma cultura organizacional que valoriza e incentiva a inovação e a diversidade de ideias e pensamentos. 

Ao desafiar modelos tradicionais de gestão, o polywork exige que as lideranças estejam atentas às expectativas dos profissionais, principalmente dos mais jovens. Além disso, é importante saber identificar os talentos e habilidades multidisciplinares para que os líderes consigam estimular o desenvolvimento de seus liderados e aproveitar suas capacidades.

A flexibilidade, tão valorizada por esses profissionais, merece um ponto de atenção da liderança, que precisará encontrar um meio-termo para que a qualidade das entregas seja mantida, sem que haja sobrecarga ou desgaste. Mas, acima de tudo, o polywork é mais uma maneira dos líderes entenderem as transformações do mercado e a se preparem para as novas mudanças que, com toda certeza, continuam por vir.

Quais os riscos da multiatividade profissional?

Mesmo com todos esses benefícios e oportunidades, é preciso muita atenção para que esse modelo de trabalho não seja normalizado sem um entendimento profundo de suas nuances.

Ser um profissional polywork exige uma boa gestão de tempo e, principalmente, autoconhecimento para que limites sejam impostos de forma saudável. A sobrecarga de trabalho e o burnout são os dois principais pontos de atenção de profissionais que atuam nessa forma trabalho.

Sabemos que o acúmulo de funções é uma das causas do esgotamento. Por isso, o autogerenciamento e o autoconhecimento se tornam tão importantes para quem está inserido neste modelo, mas também para as lideranças, que devem acompanhar de perto seus colaboradores.

Outro risco está na valorização da hustle culture. O termo, que surgiu nos Estados Unidos, é uma forma de glorificar o trabalho duro para que se ganhe mais dinheiro. A cultura hustle se popularizou principalmente com frases do bilionário Elon Musk, que chegou a afirmar que “ninguém nunca mudou o mundo trabalhando 40 horas por semana”.

Entre os impactos da hustle culture está a pressão por assumir cada vez mais atividades, a queda na qualidade de vida e do trabalho, além das doenças relacionadas à saúde mental, como, por exemplo: burnout, depressão, ansiedade, síndrome do pensamento acelerado, entre outros.

O polywork definirá o futuro do trabalho?

O polywork é resultado da constante transformação e evolução do mercado de trabalho. Mas, assim como qualquer tendência, é preciso cautela para que não se transforme em uma armadilha para a valorização da produtividade acima de tudo. Lembre-se: a vida não é só trabalho!

É importante reconhecer e aproveitar as oportunidades do polywork. Ao mesmo tempo, cabe às lideranças a promoção de práticas que levem ao bem-estar, enquanto incentivam a flexibilidade e a inovação.

É preciso, sim, acompanhar as tendências, mas, mais que isso, é preciso olhar com cautela e se adaptar. Ao entender os desafios e as oportunidades que esse novo modelo de trabalho oferece, podemos nos preparar para um futuro profissional mais flexível, autônomo e gratificante. Afinal, o futuro do trabalho não deve ser apenas inovador, mas também humano.
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