Partindo de quatro principais pilares: social, ambiental, econômico e institucional, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estimulam a ideia de que é necessário levar o mundo inteiro a um caminho sustentável, a partir da adoção de medidas transformadoras.
O conceito impulsionou movimentos semelhantes em inúmeros âmbitos da sociedade. Como é o caso do ESG (do inglês Environmental, Social and Governance), que diz respeito ao conjunto de práticas e informações socioambientais e de governança que apoiam a tomada de decisão nas organizações para orientar investimentos, ações e projetos.
Isso tanto a nível micro — com iniciativas que atingem um local específico, quanto a nível macro — quando se compreende a necessidade de todos pensarem nesses objetivos e suas medidas através da implementação de ideias inovadoras.
O que são os ODS?
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são herdeiros dos ODM — Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Criados pela ONU no ano 2000, após a virada do milênio, os ODM eram 8 objetivos com a intenção de, principalmente, erradicar a fome e garantir educação para todos.
Após 15 anos do tratado, os resultados coletados em 2015 mostraram que o número de pessoas que viviam em extrema pobreza havia diminuído mais da metade. Assim como, a proporção de pessoas subnutridas nas regiões em desenvolvimento caiu pela metade.
A taxa de matrícula em ensino primário nas regiões em desenvolvimento atingiu quase 91% e muito mais meninas passaram a frequentar a escola, em comparação ao ano 2000. Esses são alguns dos resultados mundiais dentre inúmeras outras taxas coletadas na época, necessárias para o desenvolvimento do mundo.
Com o término do prazo para alcançar os objetivos do milênio, em 2015, uma nova cartilha foi aprovada com a Agenda 2030: os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que possui metas ainda mais ambiciosas. Iniciativa que fomenta a criação de modelos de negócios com base no ESG para atuação em uma Economia Sustentável.
Para erradicar a pobreza e desigualdade “sem deixar ninguém para trás” — de acordo com a própria ONU, foram pensados 17 objetivos que se desdobram em 169 metas pensadas para que os governos e empresas pudessem planejar, implementar, monitorar e controlar políticas públicas de desenvolvimento.
O documento é uma “Declaração Global de Interdependência”, segundo o secretário geral da ONU António Guterres. Interdependência comprovada cada vez mais, principalmente no atual cenário de crise mundial sanitária vivida desde 2020, devido à pandemia do coronavírus.
O que ESG tem a ver com os ODS?
Atuar em uma economia sustentável requer uma governança corporativa que integre as práticas de ESG baseadas em aspectos ambientais, sociais e empresariais.
O ODS número 8 prevê Trabalho Decente e Crescimento Econômico. Isso, para promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos.
Além disso, uma das metas do objetivo diz que é necessário “melhorar progressivamente, até 2030, a eficiência dos recursos globais no consumo e na produção, e empenhar-se para dissociar o crescimento econômico da degradação ambiental, de acordo com o “Plano Decenal de Programas Sobre Produção e Consumo Sustentáveis”, com os países desenvolvidos assumindo a liderança”.
Isso está associado diretamente com a letra E da sigla ESG. Tendo em vista que, no âmbito ambiental, as práticas de ESG visam minimizar os impactos ambientais da cadeia de negócios, determinando parâmetros para emissões de carbono, gestão dos resíduos e rejeitos, uso eficiente de recursos naturais, por exemplo.
O que sugere cada ODS?
É possível dividirmos todos os ODS em três esferas para compreendermos como todas elas se correlacionam entre si:
Pensando na base da existência de todo negócio, governo e sociedade, a primeira divisão seria a Biosfera, vem representada pelos ODS 6 (água potável e saneamento), o 13 (ação contra a mudança global do clima), 14 (vida na água) e 15 (vida terrestre).
Em geral, cada um deles prevê medidas para proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, além de gerir de forma responsável modelos de negócios para que esses também façam parte da mudança.
A seguir à proteção da biosfera, os ODS passam a pensar na sociedade. A sociedade é trabalhada pelos ODS 1 (erradicação da pobreza); 2 (fome zero e agricultura sustentável); 3 (saúde e bem-estar); 4 (educação de qualidade); 5 (igualdade de gênero); 7 (energia limpa e acessível); 11 (cidades e comunidades sustentáveis) e 16 (paz, justiça e instituições eficazes).
Por fim, os objetivos falam de metas que permeiam a economia. Esta vem representada pelos objetivos 8 (trabalho decente e crescimento econômico); 9 (indústria, inovação e infraestrutura), 10 (redução das desigualdades) e 12 (consumo e produção sustentáveis).
E todas as três esferas estão sendo realizadas através do objetivo 17: parcerias e meios de implementação, fortalecendo movimentos globais para o desenvolvimento sustentável.
Adotar ODS e ESG impacta no crescimento das empresas
Ao incorporar um modelo de governança mais responsável e alinhado com os ODS e práticas de ESG, as organizações tornam-se mais competitivas, reduzindo gastos e promovendo a melhora da performance do negócio.
A Comissão de Desenvolvimento Sustentável e Empresarial (Business & Sustainable Development Commission 2017) projeta que os ODS podem gerar pelo menos 12 trilhões de dólares em economias e receitas para as empresas e cerca de 380 milhões de novos empregos, até 2030.
Assim como os ODS, adotar práticas de ESG, integrando fatores ambientais, sociais e de governança, de maneira estratégica, geram rentabilidade e a sua sustentabilidade a longo prazo, impactando diretamente no sucesso dos negócios.
Cada vez vemos mais mudanças nos modelos de negócio buscando, justamente, se adequarem a uma economia sustentável, contribuindo assim, para alcançar as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Afinal, as organizações têm papel fundamental na construção de um mundo mais justo e sustentável.