Mudar de profissão: quando é preciso se reinventar depois dos 40 anos

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Você já pensou em mudar de profissão aos 40 anos? Em um primeiro momento parece exaustivo, mas quem conseguiu virar a chave costuma dizer que é libertador. Até porque a tecnologia, a medicina e os hábitos mudaram tanto que já faz tempo que os estereótipos de idade estão ultrapassados, não é mesmo?

Priscila Simoni é uma dessas profissionais que decidiu se reinventar aos 40 anos e começou a estudar programação. Mas a mudança de carreira já começou bem antes disso. Formou-se primeiro em química e como era de se esperar foi trabalhar em um laboratório. Não se acostumou com o cheiro de solventes e outros reagentes. Mudou para a enfermagem, trabalhou em hospitais e chegou a direção. Era correria demais para quem queria qualidade de vida e mais tempo com a família.

Largou tudo e virou nômade digital. Passou por 11 países e decidiu fixar residência quando a filha mais nova entrou em idade escolar. Optou por Florianópolis pela qualidade de vida. Mas, há 5 anos trabalhando como freelancer, escolheu  programação para voltar ao mercado formal de trabalho.

Pra ela, mudar de profissão aos 40 anos tem sido desafiador e motivador ao mesmo tempo. “Sair da zona de conforto traz uma satisfação interior e, ao mesmo tempo, um turbilhão de desafios. Precisamos ser reconhecidas pela nossa habilidade e não pela nossa idade Além disso, temos que nos destacar em nossa nova área de atuação para se destacar no mundo dos jovens”, acrescenta.

Você se identificou com a história da Priscila, também está pensando em fazer este movimento de mudar de carreira e não sabe por onde começar? Continue a leitura deste post e acompanhe as nossas dicas.

A maioria dos brasileiros está infeliz no ambiente de trabalho

O índice de infelicidade no trabalho está alto no Brasil. Uma pesquisa realizada em 2018 em 21 estados apontou que cerca de 90% dos brasileiros estão insatisfeitos com seus empregos. Desse total, 36,52% não estão felizes com as atividades que desenvolvem no trabalho atual e, 64,24% gostariam de mudar de carreira, assumir novas responsabilidades e se dedicar a atividades totalmente diferentes para se sentirem mais felizes.

Entre os fatores apontados por esse alto índice de infelicidade no trabalho estão:

  • Definição da profissão muito cedo;
  • Trabalho desenvolvido sem propósito, apenas para ganhar dinheiro;
  • Rotina estressante;
  • Falta de tempo com a família;
  • Poucas horas de sono;
  • Má alimentação;
  • Sedentarismo.

Toda esta insatisfação tem gerado muitos problemas de saúde nos brasileiros: ansiedade, síndrome de burnout e depressão são alguma delas. Tanto que a Organização Mundial da Saúde fez um alerta sobre o alto índice de depressão em brasileiros: 5,8% da população sofre deste problema, colocando o país no topo da lista de casos na América Latina.

O último Anuário do Sistema Público de Emprego e Renda do Dieese mostrou um salto de 146 mil para 181 mil casos de afastamento por doenças profissionais de trabalho, entre os anos de 2005 e 2015. A faixa etária que mais deixou o seu cargo para se recuperar de algum problema de saúde foi a que compreende os 30 e 39 anos (53,82%), seguido das pessoas com idade entre 40 a 49 anos (48,32%) e mais de 50 anos (48,71%). Muito embora, nem todos os afastamentos estejam ligados a problemas psicológicos, as estatísticas ligam um alerta: é preciso se reinventar!

Cresce o número de brasileiros que mudaram de profissão

Mudar de profissão não é fácil, como Priscila mesmo alertou no início do texto é um misto de desafio e motivação. Esse movimento rumo a uma carreira com mais propósito, que promova mais qualidade de vida e tempo de qualidade da família também tem aumentado por aqui.

Em 2016, a Catho realizou uma pesquisa com os profissionais que buscavam por recolocação e descobriu que, 18% desses profissionais, gostariam de oportunidades fora de sua área de formação. Já esta reportagem do jornal Folha de S. Paulo traz uma série de história de pessoas que resolveram dar uma guinada na carreira depois dos 40 anos.

Os profissionais entrevistados apontaram questões como:

  • Dificuldade na área de atuação;
  • Mudar de profissão depois de fazer a mesma coisa anos seguidos;
  • Voltar para a faculdade e começar um novo curso.

Um dado motivador da reportagem Aumenta número de trabalhadores que muda de profissão aos 40 anos é que as empresas começaram a ver vantagens em trazer para o time profissionais mais experientes, como a tolerância, experiência e maturidade para lidar com algumas situações no ambiente de trabalho.

Falta muito para me aposentar e quero mudar de profissão, e agora?

A medicina tem evoluído, a forma de trabalhar alterou substancialmente nas últimas décadas. Somos pessoas ativas, hábeis e dispostas a continuar contribuindo para a sociedade. Passamos boa parte da vida trabalhando para garantir uma independência financeira, adquirir bens e realizar projetos.  Para quem teve a oportunidade de integrar o time de uma empresa, ter a sua contribuição previdência em dia e conseguiu amealhar uma poupança poderá depois de 35 a 40 anos de trabalho, parar e desfrutar de novos momentos. Mas e quem não conseguiu isso?

E quando mais precisa vê seus rendimentos serem reduzidos, seu tempo fica ocioso, não tem mais um grupo de pessoas para trocar ideias diariamente ou mesmo nunca soube como é ser o gestor do seu tempo? O que muitos não imaginam é que neste momento da vida, passarão a enfrentar problemas por não saber que caminho seguir.  Essa angústia também pode surgir no momento de uma demissão inesperada. Tais situações não são motivo para desespero, com calma e algum direcionamento é possível resolver os contratempos e descobrir novas possibilidades.

Fomos educados e moldados na forma do trabalho com base na revolução industrial onde era preciso um espaço físico, a rigidez de um horário e um salário recebido pelos serviços prestados. Para muitas pessoas não ter esse “endereço comercial” é perder parte da sua identidade. Por longo tempo somos reconhecidos como o “Fulano da empresa tal” ou o “Beltrano da empresa Y”. Quando perdemos essa identidade que nos acompanhou por vários anos, ficamos desnorteados e não sabemos como agir porque não fomos educados para isso.

Com a prática de esportes, a evolução da medicina, as novas formas de se viver e de se conectar, é fato que viveremos muito mais tempo do que os nossos avós e bisavós. Não somos mais “velhinhos” quando atingimos 60 ou 70 anos. Temos inteligência emocional suficiente para seguir uma nova carreira ou um novo estilo de vida.

Se você quer mudar de carreira, foi demitido de forma inesperada ou pretende empreender depois dos 40 anos, o primeiro passo é se reconectar com a sua essência, tirar um tempo para si, cuidar da saúde e até mesmo desenvolver um novo hobby.

Feito isso, é hora de arregaçar as mangas e voltar para o mercado de trabalho. Para tanto, as dicas são:

  • Invista em autoconhecimento;
  • Enxergue novas possibilidades;
  • Volte a estudar. Atualize-se;
  • Seja mais flexível e adaptável;
  • Faça um plano de carreira.

Abre-se uma gama de oportunidades que normalmente não se tem tempo para parar, avaliar e conhecer. Existe uma excelente oportunidade de continuar trabalhando através da reinserção no mercado de trabalho, ou abrir um negócio próprio ou até mesmo trabalhar como autônomo em áreas antes nunca imaginadas.  A consultoria especializada também é uma opção, com a vantagem que essas atividades serão remuneradas permitindo uma renda adicional ao seu orçamento pessoal.

Para quem não precisa de uma renda extra, existe a opção de atividades sociais que traga uma realização como: dança, viagens, artesanato, esportes, trabalhos sociais. Participar deste tipo de atividades amplia a rede de contatos e gera novas amizades, eliminando o sentido de vazio e da falta do que fazer.

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