O tema envolvendo tanto inovação quanto pessoas é algo que vimos conversando há muito tempo neste site. Neste artigo comentamos sobre isso “A inovação é feita de gente e não apenas de tecnologia”. Porém, para que a inovação ocorra, é necessário aprendizado e investimento de ambas as partes, tanto da organização quanto dos colaboradores.
Assim, além de consolidar a ideia em torno de que, sim, inovação é sobre pessoas, vou tratar sobre os processos que fazem com que elas alcancem este objetivo.
Jornada de uma ideia inovadora
Para se chegar àquela ideia inovadora, que promete balançar positivamente as estruturas do negócio, são necessárias algumas etapas. E o jornalista Chuck Frey, fundador do site InnovationTools.com e que também escreve para o InnovationManagement.se, traz algumas pistas para entender este contexto.
Para Frey, a inovação segue um caminho que, geralmente, é iniciado pela criatividade e culmina com a ação. E para toda ação existem pessoas por trás, direcionando seus esforços em prol de um objetivo a ser atingido pelo todo.
Todas as ideias derivadas do ato que é iniciado pela criatividade parte de gente. Que pode ser, segundo Frey: colaboradores, clientes, concorrentes, parceiros de negócios, instituições acadêmicas, fornecedores, associações, eventos, e por aí vai.
Note que, para cada um dessas possíveis fontes de inovação das empresas, existem seres humanos. Cérebros e corações pulsantes que agem guiados por líderes, em busca de respostas. O que reforça a ideia em torno de que inovação é sobre pessoas.
Inovação: resultado da relação entre pessoas e processos
Ainda sobre o mesmo tópico, um dos membros de editores do site Harvard Business Review, Andrea Ovans, publicou há alguns anos o artigo “Is innovation more about people or process?”.
No texto, Ovans fez um apanhado de reflexões as quais apontam para o seguinte: a jornada de inovação é construída tanto por pessoas quanto pelos processos em que as ideias são pensadas e estimuladas.
E que a inovação, nesse ínterim, não está relacionada apenas a talentos, mas a um conjunto de ações e habilidades que tem como fonte gente. E que essas pessoas partem em suas jornadas com uma série de backgrounds.
É o que acontece em organizações como a Pixar Animation Studios, citada no artigo. Uma boa dose de pensamento sistêmico, associada a coragem e persistência, são os fatores que auxiliam organizações inovadoras a seguirem seu modelo de negócio.
Dessa forma, ao estabelecer critérios que nortearão os processos de inovação, qualquer pessoa pode ser integrada e interagir com ele. De modo que mais cabeças pensantes são estimuladas a buscar um objetivo em comum. Assim, a inovação é um esquema 50/50, feita metade por pessoas e metade por processos.
Porém, para que alcancem a inovação e encontrem novos modelos de negócio, essas pessoas possuem certas características e habilidades. Algumas inatas, ou seja, que pertencem à essência da pessoa, e outras que podem ser desenvolvidas. Vejamos mais sobre elas a seguir.
Inovação é sobre pessoas: como elas contribuem com o processo
Em seu artigo “The people focus in innovation”, o jornalista Chuck Frey apresenta uma lista com algumas habilidades que, de acordo com ele, estariam presentes na essência de uma pessoa inovadora.
Mas, para além das reflexões dele, o Esade Entrepreneurship Institute também mapeou outras características de pessoas que sentem sede por inovação. A seguir, mesclamos 12 delas:
12 habilidades de uma pessoa inovadora
- É criativo e a imaginação é sua companheira ao desbravar oportunidades;
- Tem espírito de líder e assume posições nessa frente com facilidade;
- Mapeia tendências ainda no presente e vê seus pontos fracos;
- É aberta a reflexões em grupo, o famoso “brainstorming”;
- Não tem medo de fracassar, tampouco em ter sucesso;
- Consegue materializar ideias, sejam elas quais forem;
- Exercita a resiliência mental e a humildade intelectual;
- Encontra respostas a problemas com facilidade;
- É corajoso e adapta as ideias com habilidade;
- Assume riscos de forma calculada;
- Aprende com as próprias falhas;
- Pensa fora da caixa.
É claro que para manter pessoas engajadas em torno de objetivos que vislumbram a inovação, são necessárias algumas medidas. Grande parte delas devem recompensar os esforços dessas pessoas. Por exemplo, o reconhecimento público, bem como material, em forma de dinheiro ou outro tipo de prêmio.
Além disso, manter o time unido, um ambiente propício para a transformação, com o uso de ferramentas que auxiliem o time a alcançar a solução também devem existir. Ou seja, a liderança inovadora tem um papel crucial aqui.
4 fatores que podem matar a inovação nas organizações
Até agora já encontramos várias situações que indicam que a inovação é sobre pessoas. Entretanto, alguns fatores podem minar qualquer possibilidade de inovação, e agirem contra ela. São eles:
- Quando fracassar é visto como fraqueza e as pessoas temem o fracasso;
- Há uma resistência em alguns membros do time a aderir a mudanças;
- Falta de cultura da inovação, em que os times não são estimulados;
- Times de inovação não são reconhecidos ou recompensados.
Dessa forma, para inovar, além de pessoas, é preciso desenhar processos, criar um ambiente propício à inovação e torná-la conhecida. Especialmente por todo o público interno, mesmo aqueles que não participam diretamente desse contexto.
Porém, se você ainda não está convencido de que inovação é sobre pessoas, recomendo a leitura de um artigo adicional, inclusive citado no início deste texto: a inovação é feita de gente e não apenas de tecnologia. Desde já, desejo uma boa leitura!