A inovação, frequentemente associada a avanços tecnológicos e modelos de negócios disruptivos, tem em sua essência um componente fundamental: as pessoas. São elas que, com suas habilidades, criatividade e empatia, tornam possível a transformação de ideias em soluções que impactam positivamente a sociedade.
O equilíbrio entre tecnologia e humanização
Estou vendo esse movimento surgir no South by Southwest (SXSW) 2025, um dos maiores eventos globais de inovação que acontece em Austin, Texas – USA, onde foi destacado a importância de equilibrar o avanço tecnológico com a humanização. Empresas que adotam inteligência artificial e automação observam melhorias na eficiência operacional e na satisfação do cliente. Entretanto, é essencial que essas tecnologias sejam implementadas de maneira transparente e ética, garantindo que a experiência do usuário seja personalizada e respeitosa.
Marshall McLuhan, renomado teórico da comunicação, já afirmava que “o meio é a mensagem”, enfatizando que a forma como a tecnologia é utilizada influencia diretamente a sociedade. Nesse contexto, a humanização da tecnologia se torna fundamental para que as inovações sejam verdadeiramente eficazes e bem recebidas pelo público.
Inovação é feita de gente
A minha palestra “Inovação é Feita de Gente” tem sido um espaço onde reforço a ideia de que não há inovação sem as pessoas. A tecnologia, por mais avançada que seja, precisa estar a serviço de quem a utiliza. Os maiores avanços da humanidade foram impulsionados por pessoas que desafiaram o status quo, pensaram além do óbvio e colocaram suas mentes e corações na construção do novo.
Durante o SXSW, a Kasley Killam – especialista em saúde pública e bem-estar social – destacou a importância da “saúde mental social” e alertou para os impactos que a sobrecarga digital tem causado nos consumidores. Para as marcas, isso significa que, além de inovar tecnologicamente, é essencial criar conexões genuínas e valorizar o bem-estar do público – o bom e velho people first –, para que a aplicação da tecnologia faça sentido para além de aspectos técnicos.
Cultura organizacional e inovação
No cenário corporativo, isso significa criar ambientes que incentivem a criatividade, a experimentação e o erro como parte do processo. A inovação não acontece em laboratórios isolados ou apenas em grandes centros de pesquisa; ela nasce do olhar atento às necessidades humanas e da capacidade de conexão entre diferentes conhecimentos. Empresas que investem em diversidade e promovem culturas de colaboração conseguem inovar com mais consistência e impacto.
No painel composto por Esther Perel e Frederick G. Pferdt no SXSW, suas reflexões reforçaram a necessidade de um olhar mais humanizado sobre o impacto da tecnologia na vida das pessoas. Segundo Perel, a ilusão de controle proporcionada pelas inovações digitais não pode substituir a complexidade e a profundidade das relações humanas. Pferdt por sua vez, complementou essa visão ao destacar a importância de assumirmos a corresponsabilidade na construção do futuro que desejamos.
Nesse contexto, as marcas e organizações enfrentam o desafio de equilibrar eficiência tecnológica com um compromisso genuíno com o bem-estar social. Mais do que simplesmente facilitar interações, é essencial criar ambientes que favoreçam conexões autênticas, respeitando a essência das relações humanas em um mundo cada vez mais digital.
Tecnologia a serviço da experiência em vendas
Na área de vendas, a tecnologia tem sido uma grande aliada na personalização e na eficiência dos processos comerciais. Ferramentas como CRM inteligentes, automação de respostas e assistentes virtuais permitem que as equipes de vendas compreendam melhor o perfil do cliente e ofereçam soluções sob medida. No entanto, para que a inovação faça sentido, é essencial manter o fator humano presente, garantindo que cada interação seja empática e focada em resolver as reais necessidades do cliente. Nada substitui o contato humano e uma resposta adequada, no momento certo.
A inovação precisa de propósito
A inovação verdadeira acontece quando há uma conexão entre tecnologia e propósito. A pergunta essencial não é apenas “o que podemos criar?”, mas “para quem estamos criando?”. Colocar as pessoas no centro da inovação não é uma opção, é uma necessidade para que qualquer avanço tenha sentido e relevância.
Torna-se urgente e necessário reconhecer que, embora a tecnologia seja uma ferramenta poderosa, são as pessoas que dão sentido e propósito às inovações. Ao priorizar o elemento humano, as organizações não apenas impulsionam o progresso tecnológico, mas também asseguram que esse avanço seja benéfico e inclusivo para toda a sociedade.
A inovação é realizada por pessoas
Estamos testemunhando o fim dos empregos formais tradicionais e a ascensão de times compostos por profissionais com novas habilidades e expertises. O mercado de trabalho exige, cada vez mais, criatividade, capacidade de resolver problemas complexos, alfabetização em dados, além de um olhar atento para equidade e sustentabilidade. Temas que antes eram secundários agora impulsionam essa grande transformação, demandando profissionais capacitados a tomar decisões com senso crítico apurado e aptos a agir em ambientes turbulentos e incertos.
Por isso, afirmamos com convicção: a inovação é feita por pessoas. Pessoas que sentem, se emocionam e se envolvem com as questões ao seu redor. Pessoas que exercem empatia, que se solidarizam com os desafios dos colegas e que valorizam a ética em suas relações. A mudança é uma constante em nossas vidas, mas compreender que este momento não é apenas sobre tecnologia nos torna mais humanos e empáticos, fortalecendo conexões genuínas e contribuindo para a construção de um mundo mais justo e equilibrado.