Vivemos em um mundo repleto de cenários complexos que exigem novas habilidades e competências das pessoas, seja em suas vidas pessoais ou profissionais. A evolução da tecnologia adicionou inúmeros aspectos a esses cenários e a necessidade de tomar decisões cada vez mais ágeis e assertivas é uma delas.
A questão é entender como e em qual velocidade as pessoas conseguem se adaptar a esses contextos. Mais ainda, entender de que forma as empresas podem contribuir com essa transformação cultural.
Infelizmente, o cenário observado no fluxo de trabalho atual não é dos mais animadores Conforme o Índice de Bem-estar Corporativo do Zenklub 2021, as empresas brasileiras estão com a nota bem abaixo da ideal. O valor do índice apontado pela pesquisa foi de 49,25, numa escala de 0 a 100, quando o esperado seria 78.
Mesmo antes da pandemia de Covid-19, uma pesquisa da Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse Brasil (ISMA-BR) já tinha afirmado que 1 em cada 3 brasileiros sofria da síndrome de Burnout.
Todos esses dados só ajudam a reforçar a complexidade dos cenários, mas sobretudo, a necessidade de intervenção para a conversão dessa realidade.
O que são cenários complexos?
Antes de explicar o que são cenários complexos, vale a pena entender outros três: simples, complicado e caótico.
Todos eles, até mesmo o complexo, foram propostos por Dave Snowden, em 1999, enquanto ele trabalhava na IBM. O modelo criado por ele foi denominado CYNEFIN, seu objetivo era ajudar lideranças a compreenderem melhor a cultura organizacional e facilitar a tomada de decisões.
Simples – cenários simples são todos aqueles cujas causas e efeitos são conhecidos. Eles ainda exigem que a pessoa consiga compreender as situações postas e identificar a solução, mas tudo é desenvolvido com estabilidade.
Complicado – nos cenários complicados, as causas também são conhecidas, mas para encontrar uma solução adequada, será preciso uma análise mais profunda da situação. Ao contrário do cenário anterior, em que bastava identificar a solução única, aqui, é preciso analisar e escolher a melhor decisão entre outras possíveis.
Complexo – de forma essencial, podemos definir cenários complexos como todos aqueles cujas causas são conhecidas, mas os efeitos das decisões tomadas são imprevisíveis.
Isso significa que as consequências só serão percebidas no decorrer do tempo. À medida que elas acontecerem, será preciso tomar novas decisões complexas e assim sucessivamente. Por isso a importância e necessidade de adquirir novas habilidades e competências, para responder a esses cenários.
Portanto, em cenários complexos os eventos estão interligados, assim, os efeitos serão sentidos por todos os agentes envolvidos. Como exemplo, podemos citar a pandemia de Covid-19, que exigiu uma gestão ágil por parte das organizações e cujos efeitos ainda estão sendo conhecidos.
Caótico – os cenários caóticos, como o próprio nome já diz, é o mais incerto. Nele, não conhecemos a causa, muito menos os efeitos porque o cenário é totalmente desconhecido.
É possível ser otimista na complexidade?
Em 2021, realizei um webinar sobre As complexidades do mundo e a nova fronteira humana, com André Belo, co-fundador e conselheiro do Singularity University Brazil Summit e membro do Conselho GAME XP Innovator. Na ocasião, questionei a limitação dos seres humanos com a complexidade. Afinal, como imaginar um futuro otimista perante os desafios que observamos no mundo?
Em sua resposta, André chamou atenção para a realização de pequenas ações que somadas, conseguem trazer enormes benefícios. Esse pensamento envolve abandonar a inércia comportamental, ou seja, sair de uma posição de acomodação para uma de protagonismo.
O fato é que nunca falamos tanto de desenvolvimento humano e saúde emocional. Visto que é justamente esses aspectos que agora nos tornam profissionais únicos, com menos receio de sermos substituídos por máquinas e outras inovações tecnológicas.
Em resumo, ao entender e identificar cenários complexos, é possível agir sobre essas situações e impulsionar mudanças positivas, ainda que essa mudança comece individualmente. Portanto, quando falamos de complexidade também falamos de adaptabilidade, uma habilidade presente em todos nós.
4 habilidades e competências necessárias em cenários complexos
A angústia que o mundo de incertezas pode causar na rotina de muitos profissionais é compreensível, mas também é passível de transformações.
Se não podemos prever as consequências das decisões tomadas, ainda somos capazes de nos prepararmos ao máximo para que lidar com elas não sejam motivo de sofrimento.
Diante de tudo isso, as organizações necessitam que colaboradores e colaboradoras, incluindo as lideranças, demonstrem determinadas habilidades e competências.
1. Consciência da complexidade
Estamos interconectados. Nossas relações não se dão como no passado e seus efeitos ocorrem em uma escala muito maior e imprevisível.
Diante de cenários complexos, é esperado que as pessoas sejam cada vez mais colaborativas, empáticas e saibam que suas ações podem ter um impacto de longo alcance. Só assim será possível entender melhor essa realidade e agir sobre ela.
2. Protagonismo ativo
A mudança de mindset é essencial na hora de tomar decisões em cenários complexos. Esse processo pode ser gradual, mas é necessário.
Isso porque temos um histórico de decisões centralizadas, principalmente nas empresas.
Antigamente, era comum que colaboradores e colaboradoras esperassem ordens e comandos para então executá-las. Hoje, é esperado que essas pessoas sejam protagonistas, definam as próprias ações e mostrem resultados. Esse, não por acaso, também é o caminho da cultura da inovação.
3. Prontidão para desenvolvimento constante
A tecnologia continuará seu caminho de evolução e profissionais resilientes e com adaptabilidade ativa sabem que precisarão adquirir novos conhecimentos, entender novos processos e tecnologias.
As empresas, por sua vez, precisarão fomentar esse movimento. Oferecer oportunidades de capacitação, além de garantir que as inovações estejam conectadas com a necessidade de clientes e colaboradores.
4. Visão estratégica e colaborativa
A análise de dados ganha cada vez mais força e muitas decisões só serão tomadas a partir de um olhar estratégico das informações que eles podem fornecer. Esse tipo de visão também engloba a capacidade de identificar gargalos nas operações e de dialogar com as lideranças sobre essas percepções.
O líder do futuro, por sua vez, também precisa ser encorajador, saber confiar e delegar, ter empatia, dominar técnicas de solução de conflitos, entre outras características.
Como melhorar a tomada de decisões em cenários complexos?
Nós nos acostumamos a pensar que a tecnologia mudou nossa vida e que ela é o único componente dessa transformação. Segundo Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, a 4ª Revolução Industrial não é o conjunto de tecnologias em si, mas as transformações geradas a partir das novas tecnologias.
A chegada da rede 5G, por exemplo, promete transformar de modo profundo todas as relações em sociedade. Sem dúvida, novos modelos de negócios, soluções e comportamentos ocorrerão a partir dessa novidade. O que podemos fazer? O que as organizações podem fazer?
A preparação frente à certeza da mudança é o único caminho. Organizações que já prezam por uma cultura de inovação e criatividade saem na frente.
No livro A Jornada Ágil: um caminho para inovação, do qual sou uma das autoras, eu falo sobre como implementar as metodologias ágeis em uma organização. Se você faz parte do quadro de lideranças de uma empresa e já percebeu que é preciso migrar do modelo tradicional para o modelo ágil, a obra pode ser o seu guia.
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