Muito se tem falado sobre o avanço de inovações nas empresas, como inteligência artificial e a era da robótica, e em como ambas impactam o mercado de trabalho. Mas o fato é que, embora ainda seja um tema bastante atual, não é de hoje que isso é abordado.
Desde meados do século XX que essas temáticas são discutidas não só na literatura, como na área cultural e também econômica. Ou seja, o futuro alardeado para os próximos anos já é uma realidade no presente, assim como também já foi em alguns momentos do passado.
Considerando isso, apresento uma revisão histórica sobre o assunto para refletirmos juntos sobre o tema central deste artigo. Acompanhe.
Era da robótica e da inteligência artificial: do passado ao presente
O autor Isaac Asimov (1920-1992), que escreveu clássicos como “Eu, robô”, já imaginava na década de 1950 como seria o mundo no futuro. Por exemplo, no livro ele narra recursos domésticos que seriam capazes de, sozinhos, fazerem as coisas na cozinha. E sim, já existem cafeteiras elétricas, torradeiras, aspiradores de pó, entre outros utensílios que facilitam a rotina diária e que, inclusive, podem ser programados para tanto.
Outro exemplo citado por Asimov foi que o cérebro implantado em um robô seria dotado de pequenos computadores. O que de fato ocorre pelos chips, que podem conter uma imensidão de informações programadas.
Porém, diferente de outras teorias imaginadas por ele, incluindo os robôs, ainda há alguns avanços a ocorrer. E que vem acontecendo e se tornando pauta constante desde a educação das crianças até os profissionais que atuam diretamente criando inovações.
Apesar disso, ainda há muito o que a ser feito. Isso porque o Brasil não figura entre os 15 países que utilizam robôs industriais em larga escala, de acordo com a Federação Internacional de Robótica em notícia divulgada pela Agência Brasil.
A inteligência artificial é outra que, embora pareça ser algo recente, vem sendo discutida desde a década de 1940. Exemplo disso são os estudos conduzidos pelo neurofisiologista Warren McCulloch e o matemático Walter Pitts. Em 1943, eles aventaram a possibilidade sobre redes neurais e estruturas de raciocínio artificial.
Outro matemático que deu o que falar na década de 1950, Alan Turing, conduziu um estudo chamado de “Teste de Turing”, o mesmo retratado no filme “Jogo da imitação”. A proposta era a de avaliar se uma máquina conseguiria se comunicar tal qual um ser humano. E o Chat GPT e as assistentes virtuais estão aí para mostrar que isso é inteiramente possível.
Mas foi em 1956, durante a Conferência de Dartmouth, que personalidades do mundo da computação, como o cientista John McCarthy, usaram o termo inteligência artificial pela primeira vez.
Tudo isso serve para mostrar que os avanços que vemos hoje na era da robótica já são discutidos de longa data. E, portanto, corroboram com a ideia de que, sim, tais recursos ajudam não só organizações, como a vida em sociedade. Mas, não, ainda não são inteiramente capazes de substituir seres humanos, como é sempre comentado.
Influência dos robôs e da inteligência artificial no mercado de trabalho
A Amazon começou a usar robôs em seus armazéns e centros de distribuição em 2012, quando adquiriu a empresa de robótica Kiva Systems. Desde então, a empresa tem continuado a investir em tecnologia de robôs para aumentar a eficiência de suas operações.
Não existe um número exato e divulgado publicamente quantos robôs a empresa tem atualmente, mas estima-se cerca de 200.000 robôs em uso em seus armazéns distribuídos pelo o mundo. Esses robôs são utilizados em uma variedade de tarefas, desde o transporte de produtos até a embalagem e o envio de pedidos.
Na Bélgica, hospitais usam robôs humanóides para auxiliar pacientes, cadastrando informações ou os guiando até os departamentos desejados. Um deles consegue falar até 20 idiomas diferentes, além de identificar com quem fala – se um adulto, criança, mulher ou homem.
Ainda nos Estados Unidos, no Hotel Hilton McLean Tysons Corner, os hóspedes puderam interagir com um recepcionista robô chamado Connie. É dotado da tecnologia criada pela IBM, o sistema Watson, que também utiliza inteligência artificial. Assim, consegue orientar as pessoas com informações básicas, entre outras funcionalidades.
Apesar de alguns desses exemplos serem incríveis e comprovarem a eficiência tanto da inteligência artificial quanto dos robôs, o fato é que as pessoas ainda realizam essas atividades. Ou seja, a era da robótica continua a precisar de pessoas para realizar a programação dessas ações, sem um prazo ainda para terminar.
Se a tecnologia substituirá algumas tarefas, para além dessas, no futuro do trabalho? Não há dúvidas de que sim, mas não o papel das pessoas por completo.
A reflexão central que deveria ser realizada, no lugar de gerar medo ou aversão ao processo, quando o tema é robôs versus pessoas, é: precisamos deixar os robôs trabalhando para que possamos recuperar nossa humanidade, perdida com o advento da revolução industrial que nos colocou em um espaço fechado, com horários determinados ampliado pela a adoção do capitalismo e do consumo exacerbado.
Em maior ou menor medida, as máquinas precisam de inteligência humana para operar, afinal, inovação é feita de gente. Dessa forma, as pessoas podem otimizar os processos e viver melhor.
Contudo, ao mesmo tempo, é importante frisar que é preciso pensar nos limites para tais facilidades. Ainda que a tecnologia exista para somar e contribuir com a vida em sociedade, também carece de regras para seu funcionamento. O que vem de encontro às Leis da Robótica postuladas por Asimov em sua obra, que são:
- Primeira lei: robôs não podem ferir seres humanos e devem protegê-los do mal;
- Segunda lei: eles devem obedecer aos comandos dados por humanos;
- Terceira lei: devem proteger a própria existência, desde que não fira a primeira lei.
Ainda que sejam fruto de uma obra de ficção, tais recomendações fazem sentido de algum modo. E dão brecha para pensarmos em outros limites a serem destinados à tecnologia. Incluindo a inteligência artificial e outros tipos de inovações nos negócios.
Pensando nisso, fica o convite para a leitura de outro artigo, já publicado neste site: existem limites para a inteligência artificial? Tire suas dúvidas!