Quando comentamos sobre empresas exponenciais muitas coisas vêm à mente. Como conseguem crescer dez vezes mais rápido do que seus concorrente? Como, ao mesmo tempo, lucram (muito) e encantam (demais) seus consumidores? E como fazem tudo isso em um modelo de negócio completamente diferente do que estamos acostumados? É realmente complicado estudar as empresas disruptivas com a referência da gestão conservadora. Precisamos pensar como elas, para compreender a revolução no mundo dos negócios.
Tudo começa com um propósito ousado (Propósito Transformador Massivo) que vai conduzir a organização. A cultura de inovação, por sua vez, prepara o ambiente e as pessoas para a vivência da inovação e da criatividade e para perseguir tal propósito. Mas como podemos identificar o foco da mudança de cultura que se reflete em todos os setores dessas instituições? Uma observação muito interessante vem do livro Exponential Organizations, de Salim Ismail e Yuri van Geest (tem versão em português). Os autores observam que as organizações exponenciais mudaram o padrão industrial do “ter” para “usar”.
GoPro, Slack, Nubank, Waze são alguns exemplos de organizações exponenciais. Utilizam o relacionamento com comunidades e pessoas de interesse para impulsionar o crescimento; promovem a autonomia das suas equipes e se utilizam de tecnologias sociais para o compartilhamento de conhecimento entre seus times.
Há muitas outras características em comum e isso não é à toa. As organizações exponenciais não vieram ao mundo a passeio! Elas são estruturadas em modelos de negócios inovadores, possuem metas e controles como qualquer empreendimento. A “pequena grande” diferença é que cada pedacinho da empresa caminha de mãos dadas com a inovação. Desde a hierarquia não vertical até o valor agregado de seus produtos e serviços, tudo é pensado para escalar, conquistar, encantar e lucrar, é claro!
Metas, equipes e organograma: o que muda nas empresas exponenciais?
Força de trabalho por demanda. Flexibilidade e dinamismo são qualidades importantes das instituições exponenciais e podem se chocar com a prática de manter equipes permanentes. Neste contexto, a força de trabalho por demanda se consolidou. Muitas vezes externas, as equipes trabalham em projetos específicos e reforçam o conceito de inteligência coletiva. Em um ambiente inovador, que usufrui ao máximo das tecnologias, fica fácil se comunicar e gerenciar pessoas em qualquer lugar do mundo. Não é preciso ir muito longe para conhecer esse conceito: a Natura, por meio do Natura Startups, busca a aproximação com empreendedores inovadores para gerar novos negócios.
Negócios-plataforma. A conexão feita pela Natura com startups ou pela Apple com desenvolvedores de apps define o conceito de plataforma, que está intimamente ligado à organização exponencial, construção de comunidades e do próprio trabalho sob demanda. Ao transformar seus negócios em ecossistemas colaborativos, as empresas exponenciais conseguem atingir bilhões de pessoas em qualquer lugar do mundo. Imagine quantas boa ideias não surgem dessa rede! Some a isso ferramentas modernas como Design Thinking e sua experimentação e chegamos a um grande potencial de novos negócios que podem ser aprimorados e validados antes de chegar ao mercado.
Fim do organograma tradicional. Tem tudo a ver com o tópico anterior. Esqueça a estrutura rígida, pois isso dificulta a ação e reação em períodos de mudanças. No post sobre empresas inovadoras, comentei sobre o termo holocracy (holocracia, em português), uma criação do empresário norte-americano Brian Robertson para definir um modelo de negócio com distribuição de autoridade no lugar da estrutura tradicional hierárquica. Se é preciso agir rápido, fica inviável pensar na estrutura tradicional de aprovação de um projeto, que passa pelo jurídico, financeiro, RH, marketing… um longo caminho de convencimento até conseguir colocar a mão na massa!
Controle sim, por que não? Não confunda inovação com falta de controle e processo, afinal, o Google não chegou ao valor de marca de US$ 109,4 bilhões sem saber exatamente o que quer e como chegar lá. As empresas exponenciais desenvolveram um eficiente controle de processos, obtendo feedback em períodos muito mais curtos do que as empresas conservadoras. Garante-se, portanto, ação rápida diante de falhas, mudanças de mercado ou da própria empresa. As metas são ousadas e o ambiente motivador. O importante é chegar cada vez mais perto do resultado e, para isso, cada passo individual ou em grupo, é acompanhado. Tudo gera dados que, bem trabalhados, resultam em competitividade.
Qual o resultado de tudo isso? Simplesmente, as empresas mais valiosas do mundo são organizações exponenciais. Google, Apple e Facebook, por exemplo, não saem do ranking da BrandZ.
Será que é possível fazer essa grande transformação em empresas tradicionais? O que você acha mais difícil de mudar na sua empresa? Comente!