Precisamos falar sobre empatia. Para alguns, essa palavra significa colocar-se no lugar do outro. Nada errado com isso, no entanto, podemos ampliar tal significado para chegar ao calcanhar de Aquiles de muitas empresas: a falta de comunicação e desenvolvimento de talentos. A empatia organizacional só é possível com uma comunicação personalizada e eficiente. Com uma gestão de pessoas focada nas aptidões humanas e em seus contextos de vida. Com um ambiente que favoreça a cooperação. Afinal, como compreender o outro e extrair-lhe o melhor, sem ter um meio de se comunicar com ele?
Quantas oportunidades a sua empresa oferece para você expor suas ideias, dúvidas e ambições? Como promove o diálogo entre as pessoas? Em que pilares baseia a gestão de equipes e lideranças? As respostas para essas questões mostram não somente o nível da empatia organizacional nas empresas, como também pontos importantes para evolução do modelo de negócio.
Isso porque, quando trabalhamos em modelos de negócios colaborativos, conseguimos conectar mais facilmente aptidão, comportamento e reação das pessoas com suas vivências. Cada um precisa ser compreendido dentro de seu contexto, que inclui não somente o que está nos currículos, mas também estrutura familiar, valores e itens ainda mais subjetivos.
Por que é importante desenvolver a empatia organizacional?
Infelizmente, a maioria das organizações ainda engatinham quando o assunto é empatia organizacional. De um lado, existe a ideia equivocada de que ser empático é “passar a mão na cabeça” dos menos favorecidos em determinadas situações. De outro lado, há o entendimento da empatia como a habilidade de tratar o outro como você gostaria de ser tratado.
Porém, o viés principal dessa discussão é saber como o outro gostaria de ser tratado. É valiosa, portanto, a percepção dos gestores sobre o universo de cada integrante de sua equipe. Isso facilita o relacionamento interpessoal e ações estratégicas, como direcionar atividades, estimular habilidades e, inclusive, propor posições mais coerentes com as aptidões de cada um.
Eis, portanto, o xis da questão: a empatia organizacional é um diferencial na gestão de negócios, pois consegue identificar perfis certos para liderança, além de antecipar conflitos e reter talentos. É também o caminho para uma comunicação de grande alcance e clareza no ambiente corporativo.
Com a pandemia da COVID-19, especialmente, o mundo enfrentou desafios sem precedentes e as consequências emocionais são evidentes. Altos níveis de ansiedade e esgotamento no ambiente de trabalho têm sido cada vez mais comuns. A síndrome de burnout, por exemplo, entrou no vocabulário da maioria das empresas. Além disso, a perda de conexões sociais durante o isolamento causou um impacto significativo na saúde mental das pessoas.
Nesse contexto, a empatia organizacional se torna ainda mais importante para garantir ambientes de trabalho saudáveis e produtivos. Compreender e atender as necessidades emocionais dos colaboradores é fundamental para evitar casos de burnout e para aumentar a motivação no ambiente de trabalho.
Empatia organizacional não é só protecionismo, nem gentileza
Inteligência emocional é um termo já bastante utilizado no mundo dos negócios. Quem possui autocontrole, especialmente em situações de crise, autogerenciamento e um bom ‘feeling’ para a convivência em grupo está um passo à frente dos demais. Parte dessa inteligência é feita de empatia. Mas não vamos confundir empatia organizacional com protecionismo ou com privilégios. Inclusive, falamos sobre a importância desse equilíbrio no post: Liderança inovadora: o que é e quais as habilidades necessárias.
Quando se trata de ambiente profissional, precisamos lidar com critérios igualitários e justos para todos. É aqui que entra o equilíbrio emocional, já que a empatia está em um limiar bem sutil entre a habilidade de perceber o outro e o protecionismo. Na prática, muitas vezes o gestor reconhecido pela empatia é aquele que beneficia determinado grupo, passando por cima de critérios já estabelecidos. Mas empatia organizacional não é gentileza, nem “apego” emocional.
Aliás, uma das grandes armadilhas da empatia é exatamente o envolvimento emocional profundo que impede o gestor de tomar certas decisões. Atitudes assim fazem com que sua atuação tenha diferentes pesos e medidas.
Como iniciar uma sensibilização para empatia na empresa?
Essa pergunta rende muitas respostas! O início, sem dúvida, faz parte de uma mudança cultural que prioriza a colaboração e promove a comunicação em diversas vias. Isso inclui perfis diferentes de liderança (no lugar de chefões ou chefonas) e estruturas pró-autonomia.
Há muitas ferramentas e técnicas de gestão para incentivar um maior envolvimento entre as pessoas e, consequentemente, testar a empatia e o equilíbrio emocional. A seguir, listamos algumas formas de incentivar a empatia organizacional no seu negócio.
Pratique a escuta ativa
Uma forma de praticar a empatia é ouvir com atenção aquilo que as outras pessoas estão falando. A técnica de escuta ativa ajuda bastante nesses casos, pois busca entender outros pontos de vista sem julgamentos.
Para cultivar essa habilidade, é necessário praticar a atenção plena e evitar distrações, como celulares. Também é importante demonstrar interesse genuíno e fazer perguntas para esclarecer o que foi dito. Além disso, é fundamental respeitar o tempo do outro para se expressar e evitar interrupções.
Estabeleça uma cultura de feedback regular
Outra maneira de valorizar a empatia organizacional é por meio de uma cultura de feedbacks constantes na equipe. O feedback contínuo ajuda a construir confiança entre os colegas, criando um ambiente mais seguro para o diálogo e o compartilhamento de ideias. Dessa forma, os membros da equipe podem entender melhor as diferentes perspectivas uns dos outros.
Incentive a diversidade e a inclusão
Incentivar projetos de diversidade e inclusão ajuda a valorizar as diferenças, o que aumenta a empatia organizacional. Quando os membros da equipe têm uma compreensão mais profunda das experiências e necessidades dos outros, eles são capazes de trabalhar juntos de maneira mais eficaz e respeitosa.
Uma cultura orientada para a diversidade também faz com que os colaboradores se sintam mais seguros para expressar suas opiniões. Além disso, a inclusão ajuda a criar um senso de pertencimento, com mais colaboração e respeito mútuo. Fortalecendo não apenas a equipe, mas a empresa como um todo. Tornando-a mais inovadora, adaptável e bem-sucedida.
Aplique o Design Thinking
Usar abordagens de negócios como o Design Thinking também podem ajudar a fomentar a empatia organizacional. Pois colocam o foco no entendimento das necessidades e desejos das pessoas.
Ao adotar o Design Thinking, por exemplo, as equipes são incentivadas a desenvolver um profundo conhecimento das necessidades e desejos das pessoas, fortalecendo a empatia. O Design Thinking também valoriza a co-criação, encorajando os integrantes da equipe a trabalharem juntos em um ambiente criativo. Com o objetivo de gerar soluções inovadoras.
Resumidamente, a sensibilização para a empatia organizacional começa com uma mudança cultural que prioriza a colaboração. Além de incluir melhorias na comunicação e uma gestão focada nas pessoas e suas capacidades. Se você quer conhecer mais das habilidades necessárias para o mercado atualmente, confira também nosso artigo sobre antifragilidade!