Ecossistemas de inovação caracterizam-se por integrar diferentes atores com intuito de promover o compartilhamento de conhecimento e o estímulo à criatividade para amparar o desenvolvimento tecnológico de uma região, impulsionando o potencial inovador de pessoas e organizações.
Santa Catarina é considerado um dos maiores pólos tecnológicos do país, destacando-se pela geração de negócios inovadores. O ecossistema de inovação catarinense se consolidou como um importante promotor do desenvolvimento econômico, social e territorial em comparação com os demais ecossistemas brasileiros, destacando-se pelo crescimento no número de empresas a nível nacional, maior especialização e a tendência de crescimento exponencial.
Dados do ACATE Tech Report 2021, estudo realizado pelo Observatório da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), aponta que setor de tecnologia de Santa Catarina representa mais de 6% do PIB do estado. Além disso, destaca-se como o 6º maior em faturamento, com quase R$20 bilhões no ano e a produtividade é a terceira mais expressiva.
O ecossistema de inovação catarinense é constituído de diversos habitats de inovação, fundos de investimento, universidades de ponta, instituições de apoio e fomento, leis e programas de incentivo à tecnologia e inovação. Este ecossistema proporciona um ambiente fértil para o desenvolvimento de empresas inovadoras.
Isso porque, o desenvolvimento de habitats de inovação possibilita a integração dos principais atores do ecossistema, conectando talento, tecnologia, capital e conhecimento para alavancar o potencial empreendedor e inovador. Fatores que contribuem para o fortalecimento do setor tecnológico da região.
Para abordar o case de sucesso do ecossistema de inovação, entrevistei Clarissa Stefani Teixeira — professora do Departamento de Engenharia do Conhecimento (EGC) da Universidade Federal de Santa Catarina e coordenadora do VIA Estação Conhecimento, único grupo especializado em habitats de inovação e empreendedorismo no Brasil.
O projeto visa o fortalecimento de habitats de Inovação, atuando na ativação do ecossistema catarinense e na implantação dos 13 Centros de Inovação do Estado. Clarissa compartilhou sua experiência à frente da VIA Estação Conhecimento e contribuições para o desenvolvimento do ecossistema de inovação de Santa Catarina.
“Nosso grupo busca transformar o conhecimento em algo tangível e utilitário para a sociedade. A partir disso, nossas ações buscam o envolvimento de diversos atores. Para se falar em inovação, as ações ecossistêmicas são consideradas e a universidade, para as suas práticas de ensino, pesquisa e extensão se apoiam nestas ações. Iniciamos então os estudos com ecossistemas e o apoio no mapeamento, na ativação e na orquestração de diversos ecossistemas do Brasil com metodologia própria”, comenta.
Case de sucesso do ecossistema de inovação catarinense
Na visão da pesquisadora, o engajamento entre os atores, a colaboração e o reconhecimento são alguns dos principais fatores que contribuem para o sucesso do ecossistema de inovação de Santa Catarina. Entretanto, ter entidades fortes, com entregas efetivas faz com que a confiabilidade aumente em um ecossistema. Entidades inovadoras também destacam-se como importantes na cultura da inovação e do empreendedorismo no ecossistema.
Clarissa citou ainda as principais iniciativas da VIA Estação Conhecimento para contribuir com o fortalecimento do ecossistema de inovação de Santa Catarina.
“Atuamos com diversas ações. Dentre elas podemos citar diversos programas de inovação realizados nos órgãos públicos. Eventos com foco em inovação, trazendo a rede de colaboração para atuar em conjunto com equipes multidisciplinares também recebe destaque. Atuamos com projetos colaborativos que colocam diferentes atores em um mesmo ambiente para o entendimento dos problemas e a busca de soluções e estamos trabalhando fortemente com diversos ecossistemas locais no Brasil e no exterior para suas orquestrações. Nossa contrapartida com projetos que envolvem a comunidade para impulsionar a transformação da região em que o ecossistema está inserido, atuando na modelagem de diferentes tipologias de habitats de inovação como centros, parques e distritos”, destaca.
A experiência bem sucedida do ecossistema de inovação de Santa Catarina é reflexo do apoio e incentivo ao desenvolvimento e fortalecimento de empresas inovadoras e pode ser replicada em outros ecossistemas de inovação do Brasil. Clarissa evidencia que a liderança dos habitats de inovação é imprescindível para a modelagem de formação de rede.
“Temos uma forte liderança em eventos de inovação para trabalhar a cultura da inovação e do empreendedorismo. Em Santa Catarina estão as mais reconhecidas incubadoras do Brasil. E temos liderança de inovação no âmbito público, em living labs e em distritos de inovação, por exemplo. Temos uma rede de centros de inovação e iniciativas de pré-incubação que estão em praticamente todo o estado de Santa Catarina. Alianças vêm sendo formadas por lideranças estaduais e locais e assim vemos iniciativas diversas sendo pactuadas para fortalecer o movimento regional que conta com importantes pólos de inovação em todas as regiões do Estado”, explica.
Para aprofundar o conhecimento sobre o tema recomendo a leitura do livro A Jornada Ágil: um caminho para inovação. A obra apresenta os conceitos e caminhos para implementar as metodologias ágeis em uma organização para alcançar a inovação. Boa leitura!