Economia criativa como fator de inovação em eventos

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Você certamente já ouviu falar em “economia criativa”. Esse é um setor que cresce cada vez mais no mundo todo. No Reino Unido, por exemplo, a indústria já é responsável por cerca de 2 milhões de empregos diretos. No Brasil, não é diferente. Em 2020, a economia da cultura e das indústrias criativas (ECIC) movimentou 230 bilhões de reais. O valor é equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

A ideia de economia criativa surgiu a partir da década de 1990, quando vários países perceberam o potencial desse mercado. O termo foi cunhado pela primeira vez em 1997, por John Howkins, em seu livro “Economia criativa: Como ganhar dinheiro com ideias criativas”. Desde então, tem sido um tema cada vez mais presente em debates e políticas públicas. Tanto em nível nacional quanto internacional. 

Em 2004, a UNESCO lançou um relatório sobre a economia criativa, destacando sua importância para o desenvolvimento social e econômico. No Brasil, a Secretaria da Economia Criativa também foi criada em 2011 para fomentar o desenvolvimento do setor. O órgão atua em diversas frentes para promover políticas públicas e a formação de empreendedores criativos.

O que é economia criativa?

De acordo com a definição da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a economia criativa é constituída pela intersecção de artes, cultura, negócios e tecnologia. Ela é composta por todo o ciclo de criação, produção e distribuição de bens e serviços que têm a criatividade e o conhecimento como seus principais insumos.

Vale reforçar que a relevância desse setor não se limita apenas ao aspecto econômico. Mas também à promoção da cultura e da identidade de um país. Andy Pratt, professor de Economia Cultural da Universidade de Londres, reforça que a economia criativa contribui para a criação de uma identidade local e impulsiona a interação entre os diversos atores do mercado, gerando impacto direto nos territórios onde estão inseridos. Ele destaca a possibilidade de criar centros criativos em bairros negligenciados e, por meio disso, transformar a realidade desses espaços. 

Além disso, a economia criativa tem uma relação direta com a inovação, pois impulsiona o desenvolvimento de novas ideias, produtos e serviços. 

Quais são as áreas da economia criativa?

A economia criativa engloba diversos setores, como moda, design, música, audiovisual, publicidade, arquitetura, games, eventos, entre outros. 

Um exemplo dentro da economia criativa é o mercado de jogos eletrônicos, que movimenta bilhões de dólares em todo o mundo. Os videogames são uma forma de entretenimento que combina tecnologia e criatividade. Eles se tornaram uma indústria gigantesca, com jogos sendo desenvolvidos em diferentes países e plataformas.

Outro exemplo são as plataformas de streaming, como Netflix, Amazon Prime Video e Disney+, que revolucionaram a forma como as pessoas assistem filmes e séries. Essas plataformas utilizam tecnologias para entregar conteúdos aos usuários, além de investirem em produções originais e exclusivas.

Economia criativa no Brasil

O Brasil tem um grande potencial na economia criativa por causa de sua rica diversidade cultural. Essa é uma ótima notícia pois, como você viu, o setor tem um grande potencial para gerar empregos e promover o desenvolvimento econômico e social do país. 

De acordo com o Boletim de Economia Criativa, o setor empregava cerca de 7,4 milhões de trabalhadores em 2022. O relatório é produzido pelo Observatório Itaú Cultural, com base em dados do IBGE. 

As principais atividades criativas no país, conforme relatório do British Council, englobam patrimônio natural e cultural; espetáculos, festivais, feiras e eventos; artes visuais e plásticas; produções literárias e audiovisuais; design e serviços criativos.

O Brasil  também tem doze municípios reconhecidos como “Cidades Criativas” pela UNESCO:

  • Belém, Belo Horizonte, Florianópolis e Paraty são reconhecidas na categoria de gastronomia;
  • Brasília, Curitiba e Fortaleza na temática de design;
  • Salvador e Recife na categoria de música;
  • João Pessoa no grupo de artesanato e artes populares;
  • Santos no tema de filme;
  • Campina Grande no seguimento das artes midiáticas.

Dessa forma, podemos ver que a economia criativa é um setor muito importante para a economia brasileira. Além disso, o segmento está intimamente relacionado à inovação, já que as empresas precisam constantemente desenvolver novos produtos e serviços para se destacar em um ambiente altamente competitivo.

Economia criativa e inovação para os eventos

A economia criativa foi um dos setores que mais se recuperou no último período após a pandemia, de acordo com o último levantamento realizado pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Essa recuperação foi puxada, principalmente, pelo setor de eventos, que se reinventou e criou novos modelos de negócios. A transformação digital que já estava em curso foi acelerada e trouxe novas possibilidades. A valorização da experiência do público também se tornou fundamental para os profissionais da economia criativa. Mesmo que o evento seja à distância, se a atração for qualificada e houver organização e segurança, as pessoas vão querer participar.

Cada vez mais, eventos de negócios estão se aliando a iniciativas de cultura e impacto social, por exemplo, para oferecer uma experiência com mais propósito aos participantes. 

Além disso, muitos festivais e feiras estão se aliando a empresas criativas para criar experiências mais atrativas. Um exemplo é a ExpoFavela, uma feira de negócios que busca reunir empreendedores criativos das favelas brasileiras com investidores e outras empresas. Só em São Paulo, as comunidades movimentam R$ 41 bilhões por ano, mas esse era um nicho pouco explorado até hoje. 

No mesmo sentido, áreas antes abandonadas das cidades podem passar a sediar eventos, empresas e iniciativas culturais. Recuperar esses espaços por meio da criatividade e da inovação é uma das principais tendências da economia criativa, como mostrou o professor Andy Pratt. 

Economia centrada em pessoas

Outro diferencial da economia criativa é que ela é centrada em pessoas, não apenas em ferramentas. Afinal, são as ideias que movimentam esse mercado. Por isso, vemos também a expansão de eventos que discutem liderança, inclusão, futuro do trabalho e novas metodologias. Tudo isso impulsiona o mercado como um todo e ajuda empresas a alavancarem seus resultados. Inclusive, já abordamos este assunto no artigo “Inovação é sobre pessoas: qual o papel dos colaboradores nas empresas inovadoras”. 

A economia criativa é, portanto, um setor fundamental para o desenvolvimento econômico e social. Além de ser um importante fator de inovação em eventos. A partir do estímulo à criatividade e à inovação, empresas e empreendedores podem desenvolver novos produtos e serviços que atendam às necessidades do mercado. Promovendo, assim, o crescimento econômico e a geração de empregos. 

No mesmo sentido, a economia criativa tem um grande potencial para impulsionar a tecnologia e a renovação, pois oferece um ambiente favorável para o surgimento de ideias e soluções criativas. 

Gostou desse conteúdo? Continue lendo sobre economia criativa e inovação no nosso texto Inovação nas empresas: como a união de esforços gera resultados

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