Com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial, falar sobre habilidades comportamentais se tornou ainda mais urgente e um dos conceitos fundamentais atualmente é o de antifragilidade. Principalmente se você é alguém que precisa desenvolver adaptabilidade.
As soft skills não estão em destaque sem motivo. Segundo uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial, oito das dez habilidades em destaque no mercado até 2027 são comportamentais.
Esse estudo evidencia algo que falamos bastante por aqui: a inovação é feita de gente. Com cada vez mais tecnologias para automatizar o trabalho, a prioridade do mercado não está apenas em habilidades técnicas mas, especialmente, nas pessoas.
Por isso, neste artigo, comentamos o que é antifragilidade, exemplos de empresas que demonstraram antifragilidade e ainda, você poderá conferir orientações de como estimular essa habilidade na sua equipe. Boa leitura!
O que é antifragilidade?
Antifragilidade é a capacidade de prosperar e se fortalecer diante da incerteza, do caos e das adversidades. Ao contrário de sistemas que quebram ou se enfraquecem sob pressão, a antifragilidade vai além. Pessoas e organizações que adotam a antifragilidade se beneficiam do estresse, da volatilidade e da desordem, tornando-se mais resistentes e adaptáveis à medida que enfrentam desafios.
O economista libanês Nassim Nicholas Taleb foi quem popularizou esse conceito em seu livro “Antifrágil: Coisas Que Se Beneficiam Com O Caos“. Na obra, ele destaca a importância de abraçar a imprevisibilidade como uma fonte de crescimento e aprimoramento.
Em vez de evitar riscos, a antifragilidade encoraja a busca por oportunidades de aprendizado, reconhecendo que o erro é uma parte essencial do processo. Assim, a antifragilidade não apenas permite a sobrevivência em um mundo incerto, mas também promove o florescimento e a evolução, tanto em nível pessoal quanto organizacional.
Inclusive, Taleb também é autor do livro “A lógica do Cisne Negro: O impacto do altamente improvável”, que reflete sobre eventos inesperados e que modificam o mundo para sempre.
Para entender a antifragilidade
Vamos imaginar que você está em seu primeiro dia de dieta. Há muito você não mudava a sua alimentação e é provável que a partir do segundo ou terceiro dia, você se sinta bem cansado e desanimado/a. Mas, apesar disso, você continua firme na determinação de mudar seu hábito alimentar e sua rotina de vida, e aos poucos começa a perceber que se sente melhor, mental e fisicamente. Você conseguiu mudar seu modelo mental.
O início não foi fácil, você precisou superar a dor e até mesmo a preguiça para mudar seus hábitos. Mas no fim, a pessoa que começou no primeiro dia não é a mesma de agora. Você está mais forte (neste exemplo, literalmente) e pronto/a até para enfrentar qualquer adversidade no que tange a sua alimentação.
O exemplo acima é uma representação da antifragilidade. Não se tratou apenas de persistir na dieta, mas de perceber como isso impacta seu corpo e sua mente, passando pelo desafio para chegar ao outro lado mais saudável.
Qual a diferença entre antifragilidade e resiliência?
Talvez você esteja lembrando do conceito de resiliência, mas antifragilidade e resiliência não tem o mesmo significado. De acordo com o próprio Taleb, em entrevista à revista VocêRH, “o resiliente resiste a impactos e permanece o mesmo; o antifrágil fica melhor”.
Desse modo, ambas possuem a característica de suportar e reagir às adversidades com inteligência e resistência. Porém, quando se é resiliente, você passa pelo período adverso e retorna ao ponto de partida, sem alterações. Quando se é antifrágil, você avança para um ponto ainda melhor do que você estava antes.
Ou seja, quando falamos em resiliência, estamos falando de estabilidade. Trata-se de lidar com mudanças e evitar o desconforto. Porém, em um mundo cada vez mais desafiador, essa postura pode não ser suficiente. É preciso abraçar as transformações e entendê-las como parte da própria jornada. Em nosso artigo sobre o algoritmo da vida, serendipidade e destino, falamos um pouco mais sobre isso.
Antifragilidade, portanto, significa aprender com os erros e outros desafios, adotando uma mentalidade fundamental para empresas que desejam implementar uma cultura de inovação.
Exemplos de antifragilidade nas empresas
A antifragilidade serve para que as organizações possam sobreviver. Serve para que elas possam se diferenciar, crescer e contribuir para um ambiente melhor para as pessoas por meio de seus produtos e serviços.
A resposta de algumas empresas à pandemia de Covid-19 são exemplos tanto de antifragilidade, como de resiliência. Há organizações que viram suas vendas despencarem e que, depois, conseguiram retomar ao patamar anterior.
Outras, viram a oportunidade para melhorar de modo irreversível seus processos, mudando a estrutura organizacional, ajustando o modelo de negócio, investindo em transformação cultural e inovação organizacional.
Empresas como a Disney que lançou sua plataforma de streaming Disney+ no final de 2020; o Magazine Luiza que precisou adaptar sua logística de entrega e viu suas vendas crescerem no período; e a Housi, que oferece diversos serviços e soluções em único imóvel. A empresa foi criada em 2019 e se transformou durante a pandemia de Covid-19.
Todas são exemplos de organizações que tiveram atitudes antifrágeis.
Antifragilidade: como desenvolver essa soft skill?
Precisamos lembrar que empresas só tomam atitudes antifrágeis porque as pessoas que a compõem possuem essa soft skill. Ou seja, a forma de pensar das pessoas e das equipes já propicia a flexibilidade diante os desafios e o surgimento de ideias inovadoras.
Portanto, para que você se torne uma liderança antifrágil e consiga estimular essa habilidade comportamental na sua equipe, é preciso que você adote algumas ações.
As orientações abaixo foram criadas com base no livro de Taleb, mas mesclam também percepções que envolvem pensamento ágil e lean thinking.
Tenha honestidade ao se comunicar
Seja na hora de passar um feedforward ou quando for discutir um projeto, fale o que você precisa com sinceridade e sem medo.
Inclusive, você pode mesclar práticas de Comunicação Não Violenta (CNV) ao deixar clara a sua necessidade e quais são os sentimentos associados. Se estiver angustiado/a com a falta de atenção da equipe, deixe isso marcado. Abra espaço para que as pessoas possam não só se defender, mas falar sobre as próprias necessidades e sentimentos também.
Incentive a busca por autoconhecimento
Para você e para as pessoas da equipe. O autoconhecimento permite que a pessoa consiga identificar por si o que precisa ser melhorado e valorizado. Suas ações se tornam mais conscientes, confiantes e você desenvolve mais protagonismo.
Diversifique suas estratégias
Algumas ações de risco podem não dar certo e isso não é um problema, mas, sim, uma forma de aprender. Para saber lidar com essas situações, diversifique suas estratégias com eficácia e incentive sua equipe a fazer o mesmo. Dessa forma, ninguém lamentará quando não der certo, mas agir sobre o problema.
Fortaleça o aprendizado contínuo
O aprendizado contínuo é essencial para o desenvolvimento da antifragilidade. Ao buscar constantemente novos conhecimentos, habilidades e perspectivas, as pessoas expandem sua capacidade de enfrentar e prosperar diante da incerteza e da adversidade.
Participar de cursos, workshops e palestras relevantes não apenas aumenta o repertório de habilidades individuais, mas também promove uma cultura de aprendizado dentro da equipe. O compartilhamento de aprendizados e experiências entre os membros da equipe cria um ambiente de colaboração e inovação, onde o erro é visto como uma oportunidade de aprendizado e crescimento.
Assim, o aprendizado contínuo não apenas fortalece a antifragilidade individual, mas também impulsiona o sucesso coletivo da equipe e da organização como um todo.
Crie segurança para que as pessoas corram pequenos riscos
A busca pelo desenvolvimento da antifragilidade não pode se tornar um “fardo extra” para a sua equipe. Se vocês possuem resiliência, já é um ótimo começo. A segurança psicológica para que as pessoas consigam correr pequenos riscos deve ser cultivada.
Além disso, em seu livro, Taleb cita a estratégia de Barbell, que consiste em aplicar 90% de esforço em ações seguras e outros 10% em ações de risco. Assim, você consome mais tempo em ações que tendem a render resultados positivos, sem abandonar a possibilidade de investir em algo novo (e que, embora mais arriscado, irá consumir menos tempo).
Você já conhecia o significado de antifragilidade? Se você quer fortalecer seu time e implementar essa cultura em seu negócio, conheça nossa palestra sobre Cultura organizacional para inovação e veja como ajudar sua equipe nessa jornada. Até a próxima!