A inovação é feita de gente e não apenas de tecnologia

Inovação

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Se você fizer uma pesquisa rápida no Google encontrará fundamentos, exemplos e muitas histórias de sucesso (e insucesso) de empresas que conseguiram inovar, seja de forma radical ou incremental. Entretanto, uma pesquisa mais aprofundada na ferramenta Answer the Public, você terá acesso a mais de 100 dúvidas sobre inovação: 

  • Quem criou a inovação?
  • Por que a inovação é importante na empresa?
  • Como as inovações tecnológicas causam impacto na produtividade? E muito mais!

Além disso, é possível encontrar cases de inovação em diferentes setores, mas pouco se fala que a inovação é feita por pessoas. 

Embora a tecnologia seja uma ferramenta poderosa e frequentemente essencial para a criação de negócios inovadores, ela é apenas uma parte do processo. O verdadeiro motor da inovação são as pessoas – suas ideias, criatividade, habilidades e colaboração

Afinal, como bem lembrou Simon Sinek “100% dos clientes são pessoas. 100% dos funcionários são pessoas. Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios”.

Neste artigo, convido você a explorar sobre como o investimento em pessoas impacta a sustentabilidade da empresa e a percepção de valor para o seu cliente, a partir da inovação.

Continue a leitura do artigo!

A tecnologia é importante, mas não é suficiente

É importante reforçar que a tecnologia é importante, é um fator-chave. No entanto, nos faltam alguns aspectos quando falamos do Brasil, inclusive uma extrema necessidade de as pessoas conversarem com as pessoas. Quem é que aguenta passar 30 minutos ao telefone tentando falar com uma atendente? Quando o bot resolve o problema, ótimo, mas quando não resolve? É fundamental ter o contato direto com pessoas. 

Os bancos digitais, por exemplo, estão mudando seus modelos de atendimento para permitir que os clientes sejam recepcionados por pessoas, não por robôs. É uma dicotomia pela qual estamos passando, pois nunca vivemos momentos de disrupção digital tão intensos como agora, sem precedentes históricos. A realidade de hoje é completamente diferente, sendo impulsionada por essa transformação digital.

O verdadeiro motor da inovação: as pessoas

O verdadeiro motor da inovação são as pessoas, com suas ideias, criatividade, habilidades e colaboração. 

A inovação começa com uma ideia. Essa ideia nasce da criatividade e da capacidade de pensamento crítico dos indivíduos.  Mesmo que a tecnologia possa facilitar a inovação, são as pessoas que a concebem e a aplicam de maneiras novas e significativas. 

É por isso que a criatividade humana é insubstituível porque envolve intuição, emoção e uma compreensão profunda das necessidades e desejos humanos, aspectos que a tecnologia, por si só, não consegue replicar.

É importante lembrar também que a inovação é muitas vezes um processo colaborativo. Equipes diversificadas, com diferentes experiências, perspectivas e habilidades, são capazes de abordar problemas de várias maneiras, gerando soluções mais robustas e criativas. A diversidade de pensamento é crucial porque amplia o conjunto de possíveis soluções e inovações, permitindo que ideias mais inovadoras e eficazes surjam.

Outro ponto importante está relacionado a capacidade de adaptação e resiliência. As pessoas têm a capacidade de se adaptar a novas circunstâncias e superar desafios, características essenciais para a inovação. 

A resiliência humana permite que as equipes de inovação aprendam com os fracassos, ajustem suas abordagens e continuem tentando até encontrar uma solução viável. A tecnologia pode ser uma ferramenta nesse processo, mas a perseverança e a adaptabilidade são inerentes aos seres humanos.

Em relação às empresas, a cultura organizacional merece destaque na adoção da inovação. É por meio de uma cultura que incentiva a experimentação, tolera erros e valoriza a criatividade que será mais propensa a inovação.

Líderes que fomentam um ambiente colaborativo e aberto ao risco criam as condições ideais para que a inovação prospere. Novamente, são as pessoas – desde os líderes até os colaboradores – que moldam essa cultura.

É exatamente por isso que a  tecnologia deve ser vista como um facilitador da inovação, não como o objetivo final. 

Ferramentas tecnológicas, como inteligência artificial, metaverso, análise de dados e plataformas colaborativas, podem acelerar o processo de inovação e possibilitar novas formas de trabalhar. No entanto, a utilização eficaz dessas ferramentas depende da capacidade das pessoas de integrá-las de maneira criativa e estratégica em seus processos de trabalho.

Inovação é feita de pessoas, mas está faltando gente com formação tecnológica

A tecnologia é uma ferramenta poderosa e necessária, mas sem a criatividade, a colaboração, a adaptabilidade e a visão das pessoas, ela não pode alcançar seu pleno potencial. Reconhecer o valor do capital humano e criar um ambiente que promova essas qualidades é essencial para qualquer esforço de inovação bem-sucedido.

No entanto, o que podemos perceber é que, no Brasil, faltam profissionais com formação tecnológica. A prova disso é que o sistema educacional brasileiro, até o ano de 2024, formava apenas 53 mil pessoas com perfil tecnológico, por ano. 

O resultado é  que existe hoje um déficit de profissionais como cientistas de dados, analistas de informações, pessoas engenheiras, profissionais de gestão de pessoas para lidar com as novas habilidades do futuro do trabalho, entre outros.

Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), serão necessários cerca de 920 mil profissionais de TI até 2026. Até lá, várias iniciativas privadas e de impacto social vêm criando cursos, programas de trainees e estágio para desenvolver as habilidades técnicas da população brasileira. Essas iniciativas são sobretudo voltadas para grupos minorizados no mercado de trabalho, como mulheres, pessoas negras e LGBTQIAP+.

Instituto Nu, Prototipando a quebrada, Awalé e PrograMaria são alguns exemplos de empresas de impacto social que criam acesso ao mesmo tempo que contribuem para resolver um gargalo do mercado. Tudo isso sem contar na forte contribuição para desenvolver mais iniciativas da letra S do ESG

Afinal, até outro dia, a tecnologia estava na mão de poucos. E mesmo que ONGs e empresas de impacto social trabalhem para romper barreiras e criar mais acessos, uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva e a empresa PwC, mostra que mais de 33,9 milhões de brasileiros não têm sequer acesso à internet. Com a chegada do 5G, as escolas privadas que estão nas grandes cidades serão beneficiadas de forma muito mais rápida com a realidade virtual, mas as crianças que estudam em escolas públicas, no interior, não têm a mesma oportunidade. 

O que a sua empresa tem feito para suprir essa carência de profissionais? 

Diante desse cenário de falta de profissionais qualificados, algumas empresas têm procurado resolver o problema dentro de casa. Elas atuam para suprir as deficiências educacionais e formar profissionais internamente. 

Magazine Luiza

O Magazine Luiza, por exemplo, criou um programa de formação de desenvolvedores chamado “Luiza Code”. O objetivo do programa é formar mulheres na área de tecnologia e torná-las desenvolvedoras qualificadas. O programa é oferecido gratuitamente e é voltado para mulheres de todo o Brasil, independentemente da sua formação acadêmica ou experiência profissional anterior.

Itaú

O Itaú também desenvolve diversos programas internos de desenvolvimento de programadores, visando capacitar seus colaboradores e garantir que a empresa tenha um quadro de profissionais qualificados na área de tecnologia.

Um dos programas mais conhecidos é o Programa de Formação de Especialistas (PFE), que oferece aos colaboradores a oportunidade de se especializarem em diversas áreas, incluindo tecnologia. O programa é voltado para profissionais que já possuem conhecimentos básicos em programação e desejam se aprofundar em temas específicos, como desenvolvimento de software, banco de dados, segurança da informação, entre outros.

TOTVS

A TOTVS, uma das maiores empresas de tecnologia do Brasil, possui vários programas internos para o desenvolvimento de programadores. O objetivo desses programas é capacitar e desenvolver os profissionais da empresa, garantindo que eles tenham as habilidades necessárias para atender às demandas do mercado e oferecer soluções inovadoras aos clientes.

CI&T

A CI&T é uma empresa de tecnologia que se destaca no mercado pelo seu modelo de formação e desenvolvimento de profissionais. A empresa oferece diversos programas de capacitação e treinamento, como o CI&T Academy e o CI&T Co-Learning, além de incentivar a participação dos seus colaboradores em eventos e conferências da área de tecnologia.

Natura

A Natura, empresa brasileira conhecida por seus valores relacionados às dimensões social, econômica e ambiental, possui um programa especial de incentivo à inovação. Por meio do Natura Campus, a empresa colabora com instituições de pesquisa, universidades, empresas e especialistas para o desenvolvimento de tecnologias e para fomentar o ecossistema de inovação.

O programa busca a ampliação e o desenvolvimento da ciência, inovação e tecnologia, por meio da promoção da conexão em rede e para o fortalecimento do ecossistema de inovação.

Boticário

O “Desenvolve”, do Grupo Boticário, é gratuito e tem como foco a formação e inclusão em tecnologia, e já possibilitou a contratação de mais de 150 pessoas. O Programa tem como compromisso impulsionar mais representatividade no mercado de tecnologia, no qual a oferta de vagas tende a crescer até 2030.

Entre as capacitações oferecidas estão: Dados, DevOps, Desenvolvimento Full Stack, Desenvolvimento Mobile, Segurança da Informação, Marketing Digital e User Experience.

Santander

Por meio do programa Santander Universidades, o banco apoia a educação, a empregabilidade e o empreendedorismo, por meio de iniciativas e programas de apoio 100% gratuitos que atendem tanto a clientes, quanto não clientes.

Entre as principais iniciativas estão o “Santander Open Academy”,  plataforma de bolsas de estudo, cursos nacionais e internacionais para desenvolvimento de habilidades, aprendizagem de um novo idioma, tecnologia, intercâmbio e muito mais. Além do “Santander X”, que fortalece  iniciativas para desenvolvimento de ideias, inovação, apoio financeiro e materiais para startups, scale ups e empreendedores iniciais.

O banco oferece também o “Open Academy”, com  milhares de conteúdos gratuitos, dos mais variados temas, em formatos de ebook, podcasts, vídeos e audiolivros. Disponível em português, inglês e espanhol.

Essas são apenas algumas das empresas que se destacam no quesito de formação interna de programadores. Existem diversas outras empresas que também investem na capacitação e desenvolvimento de seus profissionais, visando garantir a qualidade e a competitividade de seus produtos e serviços no mercado de tecnologia.

Novas habilidades para promover uma inovação feita de gente para gente

Vemos o fim dos empregos formais e passamos a focar em equipes com diferentes habilidades e competências que exigem criatividade e capacidade de resolver problemas complexos, alfabetização de dados, equidade e meio ambiente. Temas que antes eram negligenciados e agora estão causando essa grande mudança no mercado de trabalho.

Mas será que toda essa transformação aconteceu por conta do avanço da internet e novas tecnologias? Não, lembra que falamos que a inovação é feita de gente? E são os hábitos dessas pessoas que transformam o mercado, seja por meio da forma de consumir ou se relacionar. 

Confira algumas habilidades essenciais para promover uma inovação feita de pessoas para pessoas:

1. Empatia

A capacidade de entender profundamente as necessidades, desejos e problemas dos clientes com uma perspectiva humana, colocando-se no lugar dos outros para ver o mundo sob sua ótica.

2. Colaboração

Habilidade para trabalhar efetivamente com outras pessoas, respeitando e aproveitando as habilidades de cada membro, trocando informações de forma clara e eficaz, ouvindo ativamente e articulando ideias de maneira compreensível.

3. Pensamento crítico e criativo

Analisar problemas de forma crítica e desenvolver soluções inovadoras, gerando novas ideias e abordagens para os desafios existentes.

4. Adaptabilidade

Adaptar-se a novas informações, mudanças de mercado e feedback dos clientes e, principalmente, estar disposto a aprender continuamente e se ajustar às novas tendências e tecnologias.

5. Liderança

Capacidade de motivar e inspirar uma equipe a perseguir objetivos comuns, trazendo decisões informadas e estratégicas, muitas vezes sob pressão.

6. Gestão de projetos

Capacidade de planejar, organizar e gerenciar recursos e prazos e implementar planos de forma eficaz, monitorando  o progresso para assegurar que os objetivos sejam atingidos.

7. Conhecimento técnico

Compreender e utilizar tecnologias digitais para melhorar processos e produtos, se especializando em setores estratégicos com conhecimentos técnicos específicos da área em que a inovação está sendo promovida.

8. Habilidades de networking

Desenvolver e manter relacionamentos profissionais que podem apoiar a inovação, identificando e colaborando com parceiros estratégicos para complementar capacidades internas.

9. Orientação para o cliente

Foco constante na melhoria da experiência do cliente, coletando e incorporando feedback dos clientes para reiterar e melhorar continuamente os produtos e serviços.

10. Visão de Futuro

Antecipar tendências e mudanças no mercado para criar inovações que sejam não apenas atuais, mas também futuras. Visualizar e planejar o futuro, antecipando necessidades e oportunidades emergentes.

Correr riscos, criatividade, inventividade, inovação, assegurar a eficácia operacional são pilares fundamentais para que empresas consigam prosperar no mercado. É por isso que diversidade e times plurais são fundamentais para criar equipes inovadoras.

Isso implica na necessidade de pessoas qualificadas, decisórias e críticas, capazes de operar em ambientes turbulentos e incertos. É por isso que dizemos que a inovação é feita por pessoas.

Profissionais que sentem e se comovem com as questões que os cercam. Pessoas que têm empatia e compreensão pelos problemas dos colegas. Pessoas que valorizam a ética. A mudança é constante em nossas vidas, mas entender que o momento não é só de tecnologia nos tornará mais empáticos com todos ao nosso redor. De pessoas para pessoas. 

Além disso, a educação para inovação deve ser contínua, pois as habilidades necessárias para inovar estão em constante evolução. As empresas e organizações devem investir na formação de seus colaboradores, oferecendo treinamentos, workshops e outras oportunidades de aprendizado para ajudá-los a se adaptar às mudanças.

Você pode saber mais sobre as habilidades do futuro e que conduzem a uma inovação feita de gente nos artigos: Habilidades e competências para lidar com cenários complexos e Antifragilidade: por que precisamos falar desta nova habilidade?

A transformação cultural como um pilar para a inovação

Para tornar as empresas mais inovadoras a partir das pessoas que trabalham lá, é importante adotar um processo de transformação que envolve, entre outros pontos: 

Fomentar uma cultura de inovação

Uma empresa que busca se tornar mais inovadora deve promover uma cultura que estimule a geração de novas ideias e a experimentação. Isso pode ser alcançado por meio da realização de processos de co-criação, estabelecimento de metas e incentivos para a inovação, além do reconhecimento de iniciativas criativas.

Incentivar a colaboração

Já falamos que a inovação é feita de gente e, frequentemente, no plural. Isso porque a colaboração entre diferentes áreas da empresa é fundamental para criar soluções e produtos inovadores. Portanto, encorajar a troca de ideias entre equipes e a cooperação entre as pessoas é essencial. 

Proporcionar recursos adequados

Para que as pessoas possam inovar, é importante que tenham acesso aos recursos necessários. Assim, a empresa deve proporcionar ferramentas de pesquisa e desenvolvimento, tecnologia de ponta e orçamento para projetos inovadores. 

Reconhecer e recompensar a inovação

A empresa deve reconhecer e recompensar os colaboradores que contribuem com ideias e projetos inovadores. Isso pode incluir incentivos financeiros, promoções e oportunidades de desenvolvimento profissional.

Incentivar a aprendizagem contínua

A inovação requer uma mentalidade de aprendizado constante. A empresa deve incentivar os colaboradores a adquirir novas habilidades e conhecimentos, bem como a experimentar novas abordagens para resolver problemas.

Não é a tecnologia ou inovação que transformam o mercado. O que transforma o mercado são pessoas que agregam valor ao que fazem, através dos meios disponíveis em cada época.

Indivíduos modificam suas realidades ao mesmo tempo que são modificados por ela. Essas mudanças representam uma velocidade exponencial na tecnologia, mudam nosso ambiente e são necessárias pessoas para orientar os processos. Não considerar as pessoas e sua importância nesse contexto elimina a inovação e consequentemente a tecnologia.

Se você gostou deste conteúdo, conheça também nossa palestra sobre o assunto e veja como levar essa forma de pensar para o seu negócio! Deixe seus comentários e compartilhe o que sua empresa tem feito nesta área. 

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